Na COP 27 (Conferência da ONU sobre Mudanças de 2022), realizada em novembro, no Egito, representantes de governos de mais de 200 países deram continuidade às discussões sobre medidas de mitigação das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE).
O slogan das COP “Juntos pela implementação” não deixa dúvidas sobre a necessidade de atuação conjunta e rápida para enfrentar este grande desafio global, e o setor imobiliário brasileiro está atento à adoção de ações necessárias para atenuar os impactos de suas operações. Dentre as iniciativas endereçadas ao tema, Secovi-SP, Abrainc e SindusCon-SP se uniram no Projeto Aliança para redução de GEE.
A proposta das entidades é ressaltar a necessidade de as empresas do setor se unirem para produzir inventários individuais de emissão de GEE e participarem dos trabalhos para a definição das metas e dos Planos Setoriais de Mitigação das Mudanças Climáticas, medida a ser cumprida por diversos setores da economia com base no Decreto Federal 11.075, de 19 de maio de 2022.
E a questão do clima conversa diretamente com uma das letras do ESG – do termo em inglês Environmental, Social and Governance ou, em português, ASG – Ambiental, Social e Governança, sigla que diz respeito à integração da geração de valor econômico aliado à preocupação com as questões ambientais, sociais e de governança corporativa por parte das empresas. Trata-se de algo muito maior que modismo ou mera tendência. É uma necessária resposta das empresas frente aos desafios da sociedade contemporânea.
Publicidade
Para entender a agenda ESG é preciso voltar às origens da expressão sustentabilidade, conceito que foi assim definido pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1987: “Sustentabilidade é suprir as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades.”
Em 1983, a ONU criou a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, responsável pela publicação do relatório Our Common Future (“Nosso Futuro Comum”), documento que consolidou a definição de sustentabilidade e lançou o desafio de conciliar desenvolvimento econômico, meio ambiente e equidade social, aspectos intrinsicamente atrelados à prosperidade das nações e à preservação do próprio planeta.
De lá para cá houve uma série de movimentos. Veio o Pacto Global das Nações Unidas, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e direcionamentos quanto ao que é a sustentabilidade em si (um objetivo de longo prazo – um mundo mais sustentável) e o que é o desenvolvimento sustentável, que se refere aos processos e caminhos para alcançá-la. Um desses caminhos, e sem volta, é a agenda ESG.
No mercado imobiliário, vemos avanços importantes das empresas, que além das já conhecidas agendas ambiental e social, também já registram avanços importantes na Governança, especialmente as companhias de capital aberto.
Publicidade
O fato é que, em sua maioria, o setor é composto por médias e pequenas empresas que, na luta pela sobrevivência, procuram de alguma forma incluir no rol de prioridades questões como meio ambiente, compliance e responsabilidade social. Com vários casos de remediação de solos contaminados, recuperação e proteção de áreas de preservação permanente e expressiva capacidade de geração de empregos, a maioria delas conseguiu atender quesitos da sustentabilidade, mas o passo agora tem de ser maior.
Vale lembrar que a cultura da sustentabilidade levou tempo de maturação e foi incentivada por entidades como o Secovi-SP, que buscou apoiar o mercado por meio de parcerias com instituições nacionais e internacionais, tornou-se signatário do Pacto Global (2009), e, dentre outras iniciativas, criou diretoria específica para analisar como trazer o tema de forma ampla, factível e democrática para todas as empresas do mercado.
Agora, no tocante ao ESG, a proposta é fazer o mesmo. É colocar o conjunto do mercado na mesma página. Afinal, temos o compromisso geral de assegurar boas condições de vida às gerações presentes e futuras. Este é o olhar necessário. O olhar para as pessoas, que formam sociedade, que dependem de um meio ambiente para viver, e que precisam de organizações que operem de forma ética e transparente para que o crescimento econômico – e os empregos dele decorrentes – aconteçam em bases sólidas.
Para apoiar as mais de 90 mil empresas que representa no Estado de São Paulo, foi lançado o Manifesto ESG Secovi, ação que dá sequência a várias medidas já adotadas com vistas ao desenvolvimento sustentável.
Publicidade
O documento expressa público compromisso do Secovi-SP no sentido de incentivar e oferecer diretrizes às empresas do mercado para que, consideradas as respectivas particularidades de atuação, possam avançar nessa jornada, contribuir com o bem-estar, o equilíbrio do ambiente e a prosperidade dos negócios.
Estas questões são estratégicas. Fazem parte de uma agenda global. Integrar as práticas ESG aos negócios é ir além do que pedem as legislações socioambientais. Significa dar oportunidades para as pessoas, atender as necessidades dos consumidores, auxiliar o desenvolvimento dos parceiros, apoiar projetos de melhoria da vida na comunidade, fazer uso responsável dos recursos naturais, adotar uma governança estruturada e ter uma conduta ética e transparente. Além de acelerarmos medidas em direção a uma economia de baixo carbono, temos de assumir a pauta ESG de forma profunda e definitiva.
Vamos trabalhar para aprimorar as atividades do nosso setor e mostrar mais uma vez que a indústria imobiliária é exemplo de boa conduta e essencial à sociedade brasileira, agora também como referência das melhores práticas de responsabilidade com a pauta ESG, em sintonia com as demandas do mercado e empenhado em contribuir com o bem-estar das pessoas, o equilíbrio do ambiente e a prosperidade dos negócios.