Arquitetura Sustentável

Prédios de luxo encomendam obras de arte para ‘embelezar’ bairros

Arte na fachada de prédio Pop Grafite, na Vila Madalena, tem propósito de se comunicar com a região/ Crédito: Breno Damascena
Breno Damascena
08-11-2023 - Tempo de leitura: 3 minutos

A AG7, incorporadora especializada no mercado de luxo, convidou a artista visual Claudia Jaguaribe para desenvolver uma escultura revestida de azulejos impressos em fotografia que será instalada no exterior de um empreendimento residencial na cidade de Curitiba. A obra consiste em um conjunto de bancos montado no entorno do empreendimento e faz parte da estratégia da companhia de agradar o público apreciador de arte. 

“Nosso cliente vive arte no dia a dia e queremos aproximá-lo daquilo que ele se identifica, fomentando o vínculo com o lugar em que mora. Em um cotidiano acelerado e corrido, quanto mais essa conexão for forte, mais valor e bem-estar para o morador”, acredita Jéssica Custódio, Head de Incorporação e Novos Negócios na AG7. “É uma tentativa de estimular identidade e pertencimento”, analisa.

A escultura custou R$ 130 mil aos cofres da companhia e faz parte de um conjunto de iniciativas artísticas criadas para o AGE360, edifício desenvolvido pela AG7 com um investimento de R$ 117,6 milhões. Com previsão de entrega para o primeiro semestre de 2024, o prédio contou com o curador Marc Pottier como responsável por dirigir as intervenções de arte e a arquitetura dos ambientes.

A proposta da empresa é promover uma espécie de museu a céu aberto e aberto, também, aos não moradores. “Vamos trazer diversos artistas e contar uma história com estas obras, sem propor elementos de forma pontual ou isolada”, afirma Jéssica. “Além disso, a própria arquitetura do edifício já é um elemento estético dentro da cidade. E vemos uma mudança de postura do mercado ao observá-la como uma obrade arte”. 

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A escultura formada pelos bancos será aberta ao público da cidade, não apenas aos moradores do edifício/ Crédito: Divulgação/AG7

O olhar para a arquitetura como elemento embelezador das cidades também norteia as decisões da incorporadora IdeaZarvos!, que se popularizou por desenvolver prédios assinados por arquitetos que exploram estéticas marcantes. “A gente não se vê na obrigação de construir todo prédio como uma obra de arte, o importante é que ele tenha um conceito de urbanismo e qualidade”, contextualiza Otavio Zarvos, fundador e CEO da companhia. 

“Para nós, é fundamental que o arquiteto mantenha a autoralidade da obra dele, que não tenha repetição de resultados e que os prédios sejam perenes”, indica. É o caso do Pop Grafite, edifício com estúdios na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo, com projeto da Triptyque Architecture. O empreendimento conta com uma intervenção artística produzida pelo artista Andrés Sandoval e pintada pelo PINA. 

Com referências ao grafite, a obra está exposta na parede do edifício de oito andares e se propõe a dialogar com a região da cidade em que está localizado. “É uma solução criada pelos próprios arquitetos responsáveis pelo projeto”, sintetiza Otavio. “Chamar um artista apenas para vender mais unidades não faz parte do nosso escopo. Queremos que o prédio tenha um significado na cidade”, pontua.

Outro exemplo no mesmo bairro é o do edifício Península Vila Madalena, desenvolvido pela Incorporadora Trisul, com projeto do estúdio Perkins&Will,. “Incorporamos elementos que não apenas tornam o empreendimento mais exclusivo, mas também contribuem para a experiência estética de moradores e visitantes da região”, defende Penelope Bernardo, superintendente da área de arquitetura da companhia.

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O artista Giuliano Martinuzzo, autor da obra na parede do edifício Península Vila Madalena, diz que combinação de fatores busca provocar reflexão sobre coexistência/ Crédito: Divulgação

O edifício, com entrega prevista para outubro de 2025, possuirá na lateral uma obra de arte do artista Giuliano Martinuzzo que custará cerca de R$ 100 mil para ser realizada. “O objetivo da incorporação da arte é criar um diferencial significativo para o empreendimento, tornando-o único e mais atrativo para seus futuros moradores”, acrescenta Penelope. “Também queremos contribuir para o enriquecimento cultural e visual do bairro”.