Poucas coisas são tão valiosas no Brasil quanto uma cobertura na Oscar Freire, uma das ruas mais caras do mundo. Ainda assim, o topo de um condomínio de alto padrão na região conhecida pelos restaurantes renomados e lojas de luxo ficou à venda por três anos e não encontrou um comprador. A Dupllex Imóveis viu este “elefante branco” como uma oportunidade.
“O problema é que o apartamento tinha o andar superior totalmente escuro e uma fachada ruim. Além de melhorar toda a arquitetura do imóvel, realizamos o rebaixamento da fachada”, explica Gustavo Saraiva, co-fundador da empresa.
Comprando imóveis encalhados e realizando reformas para colocar no mercado novamente, a companhia tenta se consolidar no mercado de luxo e atrair compradores e investidores.
A prática do retrofit não é exatamente nova. Atualmente existem várias iniciativas no Brasil e ao redor do globo que seguem este caminho. No Centro de São Paulo, por exemplo, diversos edifícios estão passando pela transformação.
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+ Descubra o que é retrofit, uma tendência da arquitetura
O diferencial da Dupllex Imóveis é que o alvo do negócio são as coberturas de luxo da cidade. “Procuramos coberturas de 300 m² a 500 m² em prédios antigos que estão em bairros consolidados. É onde há pouca oferta de apartamentos novos. Também buscamos as melhores microlocalizações e uma vista permanente”, sintetiza Saraiva.
Ventilação natural, privacidade, disposição de áreas externas e qualidade do condomínio são outros critérios avaliados nesta curadoria. “Às vezes, encontramos coberturas obsoletas, que ficaram largadas por anos e possuem questões estruturais relevantes, mas com muito potencial”, acrescenta.
Entre as mudanças realizadas pela Dupllex Imóveis estão, por exemplo, reparos em toda a infraestrutura elétrica e hidráulica, impermeabilização, automação, integração das áreas de lazer, desenvolvimento de cômodos com múltiplos usos e uma atenção especial para o paisagismo.
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“Durante a pandemia vimos muitas pessoas enfurnadas em casa que passaram a valorizar o contato com a natureza”, justifica Saraiva.
A empresa também busca ouvir seus clientes antes de começar o retrofit. Marcus Grigoletto, co-fundador da Dupllex Imóveis, relata que diferenciais como espaço gourmet, escritório, churrasqueira, piscina e saúna costumam ser obrigatórios nestes projetos. “Há alguns meses, o cliente pediu para construir uma academia completa”, relembra.
“Conforme você vai subindo o preço do imóvel, as características e demandas dos clientes vai mudando. Quem compra uma cobertura quer exclusividade. Por isso, buscam uma cobertura com uma vista que nunca será obstruída em um bairro valorizado”, ilustra Grigoletto.
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Outra característica demandada nestes imóveis é a segurança. Portas blindadas, cofres e tecnologias de proteção estão entre os itens obrigatórios.
Antes de empreender na Dupllex Imóveis, Gustavo Saraiva e Marcus Grigoletto foram fundadores da Loft. A partir das experiências que vivenciaram no mercado imobiliário, encontraram o gargalo no segmento de coberturas. “Comprar uma cobertura vai além do apelo financeiro, tem uma questão emocional. Ela é mais importante que os metros quadrados”, contextualiza Grigoletto.
Criada há dois anos com recursos próprios, a companhia já vendeu 12 apartamentos. O preço médio de uma cobertura comercializada pela empresa varia de R$8 a R$ 12 milhões e a reforma dura cerca de 10 meses para ser concluída. Ao fim do projeto, a Dupllex chega a observar uma valorização de 80% entre o preço que adquiriram o bem e o preço de venda.
Para Saraiva, no entanto, o maior mérito da empresa é a redescoberta de algo bom em um lugar antes visto como antiquado. “Estamos indo na contramão das construtoras. Ao invés de construir prédios novos, revitalizamos os antigos, trazendo um impacto positivo para os bairros”, acredita.
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