Substituir as fossas tradicionais por biodigestores é uma forma viável e caseira de tratar o esgoto/ Foto: Getty Images
De acordo com estudo do Instituto Trata Brasil, baseado no Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento (SNIS) de 2018, o saneamento básico está avançando, mas ainda falta muito para conseguir alcançar as metas brasileiras. Entre elas, o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidades (ONU), de 2015, em que o País se comprometeu a universalizar o saneamento básico até 2030. Internamente, é signatário do Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB), pelo qual prometeu disponibilizar o serviço a toda a população até 2033.
O despejo indevido de esgoto no meio ambiente está entre os desafios. O mesmo estudo apontou que somente 46% dos dejetos produzidos no Brasil é tratado antes de ser despejado no solo, rios e praias. Isso significa que o País todo despejou na natureza 5.715 piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento por dia em 2018. Por ano, isso totaliza mais de 2 milhões de piscinas olímpicas.
O indicador médio de coleta de esgoto nos 100 maiores municípios brasileiros foi de 73,30% em relação aos 72,77% de 2017. Ou seja, melhoria pequena entre um ano e outro e que leva à preocupante constatação de que mesmo nas maiores cidades brasileiras, o tratamento de esgoto está longe da universalização. É o caso da cidade de São Paulo, que tem um dos melhores tratamentos de esgoto frente à realidade brasileira. No entanto, todos dias, mais de 311 milhões de litros são enviados aos córregos da cidade sem qualquer tratamento. Os dados são do Portal Tratamento de Água.
Grande parte das residências brasileiras utilizam as fossas sépticas para depósito dos dejetos sem nenhum tratamento. Embora isso seja uma alternativa para evitar o despejo a céu aberto e a proliferação de doenças, causa a contaminação do solo e da água.
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Substituir as fossas tradicionais por biodigestores é uma forma viável e caseira de tratar o esgoto. Bactérias anaeróbicas ficam responsáveis por fazer a decomposição dos dejetos dentro do equipamento. Além de evitar o descarte incorreto no meio ambiente, o processo ainda permite a coleta do líquido e gás produzidos, que podem se transformar em adubo orgânico e biocombustível, respectivamente.
Embora sejam mais comuns no tratamento de esgoto de residências rurais, existem no mercado biodigestores compactos que podem ser instalados em casas urbanas e até estabelecimentos comerciais. O biodigestor é aterrado e conectado à estrutura de esgoto do local para receber os dejetos e recebe uma tampa para permitir a inspeção e manutenção do equipamento.
Essa instalação requer uma boa base de apoio para evitar problemas, como desabamento do solo, principalmente se for feita em garagem ou local de passagem de veículos. A escolha do biodigestor também deve ser realizada com cuidado, levando em conta a quantidade de pessoas que moram ou frequentam o local, porque o equipamento tem limite de volume depositado, mas pode ser conectado a outros para aumentar a capacidade.