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Quem decide a decoração das crianças?

Quando os pequenos querem decorar seus próprios quartos, existem maneiras de apreciar suas escolhas sem ceder a todos os caprichos

Por: Ronda Kaysen, do The New York Times 08/11/2019 6 minutos de leitura
Crédito: Trisha Krauss

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Adrian Wise passou semanas projetando e decorando o quarto da filha depois que a família se mudou de Michigan para a Flórida, no ano passado. Ela queria criar um espaço alegre e divertido para ajudar Emillie, agora com 12 anos, a se estabelecer em um novo estado. Comprou um tapete colorido trançado à mão, uma mesa de cabeceira azul e uma cadeira giratória colorida. Para a cama, ela escolheu um edredom azul-petróleo, lençóis listrados e almofadas brilhantes. Ao final, ela achou que era um quarto de criança fantástico. Havia apenas um problema: Emillie odiava tudo.

“Ela ficava repetindo: ‘É demais, está me estressando’”, conta Wise, 48 anos, que está reformando a casa de quatro quartos nas Ilhas Davis, em Tampa. Ela comprou o imóvel com o marido, Brad, 54, gerente geral de concessionárias de carros. “Emillie literalmente nos implorou para tirarmos os itens que escolhemos.”

Durante vários meses, Emillie removeu metodicamente a maior parte da cor do quarto, substituindo o tapete trançado por um felpudo branco. Trocou o edredom azul-petróleo por branco e substituiu os travesseiros brilhantes por outros suaves, cobriu as janelas com cortinas brancas e pendurou cestas de vime cheias de suculentas artificiais atrás da cama. Wise ficou surpresa com a visão e determinação de sua filha em criar um espaço tão sereno para si mesma. “É muito boho”, diz ela. “Simplesmente fabuloso.”

Pedidos versus caprichos

As crianças geralmente têm opiniões fortes sobre seus quartos, pedindo para pintar as paredes com cores fortes ou implorando por uma decoração que corresponda à sua mais recente obsessão por super-heróis. O quarto de uma criança costuma ser uma arena mágica, um canto da casa que é todo seu – então por que não cobri-lo com fadas? Muitos pedidos são possíveis. Não é preciso muita energia para comprar um edredom de espaçonave e colar alguns adesivos do sistema solar nas paredes.

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Mas nem todas as solicitações são tão inofensivas ou fáceis de realizar. O que acontece quando uma criança implora por uma cor profunda e saturada que seria difícil cobrir caso seus gostos mudem? Além disso, é aconselhável adotar um tema que seu filho provavelmente superará em alguns anos? As crianças são inconstantes – esse caso de amor com piratas pode estar no auge agora, mas o papel de parede com tema náutico ainda estará presente após o término da fase.

“As crianças não são sofisticadas o suficiente para pensar além do aqui e agora”, diz Michelle Gerson, designer de interiores de Manhattan que frequentemente cria quartos de crianças para os clientes. “É por isso que elas cometem tantos erros na vida.” Em vez de satisfazer o capricho mais recente, Gerson recomenda brincar com ele. Pegue a paixão pelos piratas e encontre um ótimo conjunto de lençóis de piratas ou ponha um papel de parede no teto com um padrão náutico sutil – mas você não precisa dedicar o quarto inteiro ao tema. Outros caprichos também podem ser atenuados. “Toda criança sempre quer um balanço no quarto. Quão realista é um balanço no quarto?”, Disse Gerson. “Tentamos convencê-los a escolher uma cadeira bem legal.”

Ouvir e negociar

Wise não consultou muito a filha sobre o desenho do quarto, principalmente porque estava focada em reformar uma casa inteira. Quando o trabalho no quarto de Emillie terminou, ela havia se transformado de uma criança em idade escolar que só queria um espaço para brincar em uma adolescente opinativa que queria um refúgio onde pudesse estar com as amigas. Até as prateleiras personalizadas que Wise instalou no armário não faziam mais sentido, porque Emillie havia superado seus brinquedos e jogos.

A falta de comunicação teve um custo. Wise calcula ter gastado alguns milhares de dólares em uma decoração que durou menos de um ano, incluindo um tapete trançado de US$ 700 que agora está enrolado e encostado na parede de outro cômodo. A cama com moldura de alumínio de Emillie pode ser a próxima vítima. Em vez disso, ela quer uma cama de paletes e disse recentemente à mãe que estava disposta a gastar os US$ 200 que recebeu como presente de aniversário para contratar um faz-tudo que pudesse construir uma cama nova para ela. Wise tem relutado em aceitar este último pedido. “Os recursos não são infinitos”, diz a mãe.

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Para evitar cometer erros como os de Wise, os designers de interiores recomendam envolver as crianças no processo – até certo ponto. Tammy Connor, designer de interiores de Charleston, Carolina do Sul, sugeriu dar às crianças rédea livre nos painéis do Pinterest, onde elas possam brincar com cores e estilos dos quais gostam. Em vez de se frustrar com a imagem de um quarto cor de ameixa que uma criança encontrou, os pais podem sugerir maneiras de incorporar a cor de uma maneira mais sutil. “É importante que você ouça o que eles querem e, de alguma forma, implemente-o”, ensina a profissional. “Mas isso não significa que todas as paredes e cortinas precisem ser roxas.”

Personalidade e acolhimento

Ao projetar um quarto para uma criança com idade e interesse o suficiente para ter uma opinião, Connor sugere criar três esquemas e deixar a criança escolher um. Celebre os interesses dos pequenos com bom gosto, para que, à medida que cresçam, a decoração possa crescer com eles. Para exemplificar, Connor sabia que seu filho de 9 anos é louco por beisebol. Mas em vez de cobrir o quarto com apetrechos esportivos baratos, ela pendurou um taco de beisebol com o nome dele e fez uma viagem ao Louisville Slugger Museum & Factory. “É importante viver com coisas que têm valor para nós e não necessariamente valor monetário”, explica ela. Uma cômoda que era sua quando criança, por exemplo, pode não combinar com os gostos de uma criança atualmente, mas tem um valor mais profundo…

…Ou você pode enxergar o quarto do seu filho como uma tela em branco.

Dois anos atrás, quando Madeline Windham se mudou para uma casa de quatro quartos com o marido e três filhos em Houston, Texas, seu filho do meio, Wyatt Davis, agora com 7 anos, não perdeu tempo e já começou a planejar seu quarto. Enquanto seus irmãos não demonstravam interesse na estética de seus cômodos, aceitando de bom grado o que sua mãe escolhia, Wyatt tirou fotos do espaço e fez colagens sobre como ele queria que seu espaço fosse: móveis de cerejeira e, é claro, um tema de Star Wars. Windham, 28, que trabalha com exames médicos ocupacionais, ficou impressionada com os resultados. “Ele montou lugares muito aconchegantes. Fez até um cantinho de leitura no quarto.”

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Quando Windham era criança, ela dividia um quarto e, portanto, nunca teve a oportunidade de deixar o espaço com a sua cara. No quarto de Wyatt, ela vê um lugar onde seu filho pode ser criativo. “Isso o deixa muito mais confiante.” É claro que, quando ele superar o estágio de “Guerra nas Estrelas”, precisará de uma reforma. Mas Windham não está preocupada: “Se você lhes dá a capacidade de se expressarem assim, esse poder faz coisas maravilhosas”. / TRADUÇÃO DE ELENA MENDONÇA

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