Das coberturas de São Paulo à orla de Balneário Camboriú, os imóveis de alto padrão conquistam o imaginário e o bolso dos brasileiros. Em viés de alta, o mercado é impulsionado pelo comportamento dos compradores, transformações estéticas nos edifícios e até pela inveja de amigos.
Em painel do Summit Imobiliário 2024, incorporadores e especialistas no mercado de alto padrão debateram os desafios e as oportunidades do setor que movimenta cifras milionárias. Fábio Tadeu Araújo, CEO da Brain Inteligência Estratégica, aponta que o segmento está evoluindo há pelo menos cinco anos.
“Prova disso é que antes da pandemia, os apartamentos que custavam a partir de R$ 2 milhões representavam 3% do mercado imobiliário de São Paulo. Atualmente, essa participação é de quase 6%”, indica. “Em VGV, os imóveis de alto padrão compõem quase 30% de todo o mercado”, ilustra Araújo.
Esta atividade, ele argumenta, é reflexo da busca dos compradores por qualidade de vida desde o boom provocado pela pandemia. “As percepções políticas e a taxa de juros viveram uma gangorra desde então. A única coisa que não mudou no período foi o comportamento do consumidor”, argumenta.
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“Observamos uma busca pelo bem-estar e a inveja pode ter uma relação com isso. As pessoas perceberam que a qualidade de vida dos outros aumentou e querem seguir o mesmo caminho”, pontua o executivo.
Independentemente das motivações que estimulam o setor, as ofertas de alto padrão estão acompanhando a demanda.
Dados do Secovi-SP mostram que os mercados de médio e alto padrão registraram 3.690 unidades lançadas nos últimos 12 meses. No mesmo período, 4.112 unidades foram vendidas. Ou seja, o segmento não gerou estoque em São Paulo no período.
Para Arthur Monnerat, Diretor comercial e de marketing da Lindenberg, o comprador entendeu que comprar este tipo de empreendimento é uma aplicação financeira. “Diante da conjuntura econômica do País, eles observam essa aquisição como um investimento”, justifica.
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A valorização e a percepção de valor no mercado de luxo, ele defende, está ligada à qualidade do produto. A expectativa dos compradores é que os imóveis se encaixem em determinadas características para serem vistos como um imóvel de alto padrão.
Por trás desta rotulação, existem tópicos mais práticos, como o valor dos imóveis, mas o segmento é pautado por exigências subjetivas. É isto que explica Cyro Naufel, Diretor de Relações com Investidores da Lopes.
“Antes, os principais diferenciais eram localização e tamanho. Hoje, todo apartamento grande é de alto padrão, mas isso não quer dizer que apartamentos pequenos são de baixo padrão”, pontua.
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“E até a localização pode ser subjetiva. Um cliente de alto padrão que deseja um apartamento na República do Líbano pode não querer um imóvel na Oscar Freire”, exemplifica.
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Araújo destaca, também, a plasticidade da fachada. “Se a arquitetura representa uma clara diferença para o antigo imóvel do comprador, o impacto é ainda maior”, assinala.
Por fim, ele aponta características que o comprador não conseguiria reformar depois de adquirir a propriedade. “Os compradores de alto padrão querem ar condicionado centralizado, mais qualidade nas esquadrias e um pé direito muito mais alto”, lista o executivo.
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