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Selic sobe para 11,75% e busca por consórcio bate recorde histórico em 2021

Se o conflito se resolver rapidamente, o cenário pode voltar ao normal, isto é, com a demanda por imóveis ainda forte, diz especialista/ Crédito: Getty Images
Rafael Moura, O Estado de S.Paulo
16-03-2022 - Tempo de leitura: 4 minutos

Na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta quarta-feira (16/03) ficou confirmado aumento da taxa de juros, Selic sobe e passa de 10,75% para 11,75% ao ano, nona alta seguida.

Quem sonha em conquistar a casa própria por meio do financiamento segue amargando o objetivo com as seguidas altas da taxa de juros ou desistindo das parcelas e substituindo pela locação. 

Este é o caso de Lavieri Junior, 32, e a companheira, que optaram pela venda e quitação da dívida do apartamento studio. Assim, investiram a renda na locação de uma casa maior. “Saímos de um imóvel de 45m² financiado para uma casa alugada de 200m² pelo mesmo valor do financiamento, o que nos traz muito mais conforto e possibilidades, principalmente com a pandemia e essa nova realidade de home office.” 

O aluguel, para ele, é uma forma de ter mais controle dos gastos em meio às incertezas econômicas do País. Sem a intenção de comprar outro apartamento, o casal resolveu aplicar o restante do valor em renda fixa.

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“Achamos mais vantajoso, porque com o rendimento deste dinheiro da venda, mais os aportes mensais, no futuro podemos comprar à vista ou bem perto disso. O que traz uma grande economia”, diz Junior. 

“Talvez daqui uns 10 anos ou quando o mercado estiver favorável, a ideia é fugir do juros – que dobra ou triplica o preço de um imóvel no final.” Para ele, existe também o conforto emocional de ter investimentos com liquidez, além de poder se mudar de acordo com a necessidade e a possibilidade financeira em cada momento da vida.

Eduardo Muszkat, co-founder e Head de Crédito Imobiliário para Incorporadoras da Kzas Krédito, assessoria para crédito imobiliário, a forma como o mercado imobiliário deve se comportar ao longo de 2022 vai depender, se a selic sobe mais, vai depender entre outros fatores, de quanto durar os conflitos entre Rússia e Ucrânia, juntamente com o impacto na economia global.

“Caso o conflito não se resolva rapidamente, em especial pelo impacto cruzado das sanções à Rússia, que resultaram em redução na oferta de combustíveis e alimentos para o mundo. Se olharmos especificamente para o mercado imobiliário, a incerteza generalizada sobre o emprego e a renda deve impactar negativamente a demanda por imóveis num primeiro momento”, afirma.

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Selic sobe e busca por consórcios cresce

De acordo com os dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), em dezembro de 2021 a entidade registrou aumento de 38% nos consórcios no período de 11 meses, de março a novembro de 2021 em relação a 2020. O modelo de aquisição avançou durante o pior momento da pandemia somado à alta de juros do financiamento.

Segundo Lorelay Lopes, head de Negócios do UP Consórcios, fintech da Embracon, no balanço anual de 2021 o segmento de consórcios bateu recordes históricos, provando sua importância para o aquecimento de diversos setores diante de um ano onde a taxa de juros partiu de2% e Selic sobe para 11,75%, atualizada hoje, maior nível em 5 anos.

“Os créditos liberados pelo sistema ao longo do ano através das contemplações proporcionaram potencial aquisição de 1 a cada 10 imóveis negociados. As vendas de consórcios atingiram a marca de R$222,26 bilhões, 35,8% acima do ano anterior. Os números têm demonstrado ano após ano que o segmento cresce acima das expectativas do mercado financeiro no geral”, diz.

Vantagem dos consórcios

O principal ponto positivo do consórcio em relação ao financiamento é a ausência de juros. “No consórcio, a administradora cobra uma taxa administrativa de, em média, 22%, que fica diluída no prazo, resultando em algo em torno de 1% ao ano. Essa taxa é imbatível quando comparada ao financiamento, mesmo com juros bem menores que os atuais”, afirma Lopes.

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Para a profissional, o que mantém a procura pelos financiamentos é a rapidez na liberação do crédito, mas se engana quem pensa que o consórcio funciona somente para se planejar. “Os financiamentos imobiliários exigem entrada e esse valor pode ser usado como lance na cota de consórcio, adiantando a contemplação. Ofertar um lance é uma excelente opção para quem tem pressa, pois diminui a espera pelo sonho da casa própria.”

Luís Toscano, vice-presidente de negócios daEmbracon, uma das principais administradoras de consórcios do País, explica que diante do cenário econômico atual, o consórcio é vantajoso. “Essa modalidade funciona como um autofinanciamento: sem a exigência de um valor de entrada, oferece parcelas com valores menores e prazos maiores que um financiamento, além da facilidade na análise de crédito.” 

Ele lembra que mesmo se os valores dos imóveis sofrerem com o impacto da Selic, que deve apresentar novas altas, o consórcio se mantém como uma opção, pois não existe a preocupação com o reajuste da taxa de juros. Só é necessário pagar pela taxa de administração e pelo fundo de reserva.

“Além de ser uma ótima alternativa para quem busca realizar o sonho de aquisição, oconsórcio imobiliário também pode ser um investimento para quem deseja aumentar o patrimônio de forma segura, já que é possível planejar a compra de um imóvel sem ter que mexer no dinheiro aplicado, por exemplo”, explica Toscano.

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