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Patriani planeja testar robôs humanoides em obras a partir de 2026

Anunciado no palco do Construsummit, iniciativa prevê gasto de 30 mil dólares com cada robô/ Crédito: Agência J. Somensi | Divulgação Construsummit
Breno Damascena
06-06-2025 - Tempo de leitura: 3 minutos

Para enfrentar a escassez de mão de obra, a incorporadora Patriani anunciou que começará a testar robôs humanoides em seus canteiros de obras até o fim de 2026. A expectativa é que as máquinas assumam tarefas pesadas e repetitivas, como carregar materiais e executar trabalhos de risco.

“Não vamos substituir pessoas, mas está cada vez mais difícil encontrar profissionais que topem realizar serviços brutos da construção”, explica Valter Patriani, sócio-fundador da construtora. O anúncio foi feito em um painel do Construsummit 2025, evento que reúne mais de 2 mil executivos do mercado imobiliário para debater o presente e o futuro do setor no País.

A Patriani ainda não revelou qual empresa está por trás da tecnologia, mas afirma que o investimento será de 30 mil dólares na compra de cada robô. Segundo Valter, trata-se de uma companhia internacional que iniciará os testes locais ainda neste semestre. “Depois disso, precisaremos adaptar os robôs às condições de trabalho e ao terreno brasileiro”, explica. 

Futuro dos canteiros de obra

Parece ficção científica, mas a ideia de empregar robôs humanoides aos canteiros de obra não é exatamente nova. A empresa de robótica Boston Dynamics, por exemplo, desenvolveu o Atlas, um robô que está sendo projetado para realizar tarefas de força, como as exigidas na construção civil – e que já foi criticado por quebrar regras de segurança

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Fora da construção, o uso de robôs está mais avançado. A Amazon, por exemplo, já utiliza máquinas em seus centros de distribuição e iniciou testes com robôs para entregas nos Estados Unidos. 

Para Guilherme de Assis Brasil, CTO da empresa de tecnologia Softplan, a adoção de robôs humanoides na construção ainda está distante. “Existem drones e máquinas que executam funções importantes no setor, mas mesmo no exterior, ainda não há exemplos expressivos do uso de robôs humanoides em canteiros de obras”, afirma.

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“O setor imobiliário apresenta mais dificuldades do que a indústria convencional. Enquanto os ambientes na indústria são pré-determinados e planos, os canteiros são muito diversos e têm dinâmicas desafiadoras”, ilustra o executivo, que segue otimista sobre o movimento. “É impossível prever o tempo que vai demorar, mas é realista projetar os primeiros testes para os próximos dois anos”, comenta.

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A grande contradição, segundo Guilherme, é em relação à eficiência do formato. “Parece fácil pensar que se um ser humano consegue carregar uma caixa, um robô humanoide também faria isso. Entretanto, podem existir modelos mais eficientes, como braços robóticos ou drones”, exemplifica. 

Tecnologia como bússola

Ideia distante ou plano imediato, a iniciativa representa a continuidade de um plano da Patriani de dar à tecnologia um papel de protagonista nos projetos. Apesar disso, o fundador da construtora diz entender que os robôs não terão uma adaptação fácil. 

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“O plano é que os robôs possam se adaptar ao terreno brasileiro nas nossas obras. Começaremos os testes com dois robôs em 2026, mas até eles serem totalmente eficientes pode demorar alguns anos”, antecipa. 

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“Eu escolhi não construir via Minha Casa, Minha Vida justamente porque queria implementar tecnologias nas obras, mas sem abrir mão do lucro”, brinca Valter/ Crédito: Agência J. Somensi | Divulgação Construsummit

Fundada há 13 anos, a Patriani se especializou em desenvolver imóveis para pessoas com mais de 40 anos e uma das estratégias para impactar este perfil é justamente a adoção de inovações. “Nossos empreendimentos contam com fazenda solar, geradores mais completos, ventilação cruzada e carregadores para carros elétricos”, exemplifica Bruno Patriani, presidente e herdeiro da construtora. 

“Esta geração é a última totalmente analógica e que agora vive em um mundo totalmente novo. Queremos que os imóveis continuem modernos para daqui a 30 ou 40 anos”, diz Bruno. 

O repórter viajou ao Construsummit 2025 à convite da Sienge