A pandemia do novo coronavírus mudou a rotina de trabalho dos síndicos de prédios residenciais. Com condôminos em quarentena e áreas comuns fechadas para evitar contágio, os ânimos estão à flor da pele. Administrar os condomínios, dos menos populosos aos que chegam a quatro dígitos no número de moradores, tem sido tarefa hercúlea.
“Neste momento de transição, os 20 mil síndicos da cidade vão precisar de ajuda e orientação consistente para estabelecer e conduzir o novo morar”, afirma Angelica Arbex, gerente de relações com o cliente da Lello Condomínios.
Para auxiliar na gestão, a administradora preparou cartilhas digitais e e-books que tratam de diferentes temas relacionados à atual realidade, indo de orientações aos funcionários a iniciativas para manter a saúde financeira do condomínio. Neste ponto, a Lello propõe formas de negociação e parcelamento da taxa condominial no caso de inadimplência, apesar de o aumento ainda não ser tão significativo.
De acordo com José Roberto Graiche Junior, presidente da AABIC (Associação das Administradoras de Bens, Imóveis e Condomínios de São Paulo) e diretor do Grupo Graiche, o índice de inadimplência ficou em 6,97% no mês de março, subindo para 7,7% em abril.
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“Os moradores compreendem que o atraso e a inadimplência podem comprometer a capacidade do condomínio de honrar compromissos, como o pagamento dos salários dos funcionários e dos serviços prestados por terceiros, refletindo diretamente em segurança, limpeza, bem-estar e qualidade de vida dos condôminos”, analisa.
O Grupo Graiche também adotou uma série de providências durante a pandemia para auxiliar os síndicos. As peças incluem mudanças nos procedimentos de portaria, uso e circulação das áreas comuns, campanha para estimular a solidariedade entre moradores e até temas delicados como o combate à violência doméstica, que cresceu durante o isolamento social.
Mesmo com todas as diretrizes, o que tem valido no dia a dia de quem está na linha de frente é o bom senso. “Paciência e empatia viraram palavras de ordem”, diz o piloto Paulo Werneck, de 43 anos, síndico do condomínio Alameda Morumbi, com 448 unidades e quase 1,6 mil moradores. Antes da quarentena, ele atendia em média a uma chamada por dia. Hoje o número subiu para 15.
“Com o pessoal direto em casa, muitos têm mais tempo para cobrar sobre todas as questões”, avalia Paulo. Para evitar idas e vindas, ele realiza os atendimentos por interfone ou via um aplicativo desenvolvido pela administradora. Por lá também faz enquetes para resolver polêmicas.
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Um grupo de WhatsApp organizado por voluntários para ajudar pessoas idosas que moram sozinhas, por exemplo, teve a ideia de fazer musicalização aos finais de semana, ligando por 40 minutos uma caixa de som na área comum. Depois de ouvir queixa de alguns moradores, o síndico lançou uma enquete, com resultado de 85% dos votos a favor da iniciativa.
Como barulho é um dos principais motivos de reclamação, ele também limitou para a parte da manhã o horário das reformas que já haviam sido aprovadas. O próximo desafio será definir uma posição sobre o uso da academia, já que o presidente Jair Bolsonaro incluiu recentemente as academias na lista de atividades essenciais.
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