Financiar imóveis ficou mais caro desde que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a Selic pela nona vez nos últimos 12 meses, saltando de 2% para os atuais 11%75,patamar de dois dígitos que a taxa básica de juros não atingia desde maio de 2017, mas efeitos podem atingir menos o programa habitacional Casa Verde e Amarela.
Segundo o economista Vitor Miziara, gestor da Criteria Investimentos, se com a Selic na casa dos 9% a compra do imóvel financiado já não era atrativa, com a taxa de juros superando os dois dígitos e com risco de avançar nos próximos meses, o recomendado é analisar de forma criteriosa se o momento é realmente ideal para a aquisição.
“O aluguel começa a valer um pouco mais a pena do que a compra financiada. É possível adaptar o valor do aluguel caso surja algum imprevisto e com o financiamento não. Além disso, existem fundos de renda fixa que rendem até 12% e possuem maior liquidez ”, afirma Vitor.
Ainda que o cenário seja impróprio, existe uma opção que oferece boas condições para a compra da casa própria. O programa habitacional Casa Verde e Amarela possui taxas de juros estáveis, que se mantêm congeladas diante do novo cenário da Selic, sendo bastante atrativas.
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Com as novas regras que entraram em vigor em outubro e que valem até o final deste ano (2022), houve redução da taxa de juros para famílias com renda mensal de R$4 mil até R$7 mil e a ampliação do teto do valor dos imóveis considerados de habitação popular. As taxas de juros para famílias com renda mensal de até R$4 mil variam de 4,25% a 5%.
Segundo Rodrigo Lima, co-fundador da IN Inteligência Construtiva e especialista do segmento imobiliário, quem se encaixa no perfil vai comprar o imóvel pelo Casa Verde e Amarela para sair da taxa Selic, pois o imóvel que não é do programa tem a taxa acima de 10% ao ano, enquanto o programa não tem sinalização de aumento.
“No Casa Verde e Amarela, a maior taxa aplicada é de 7,7% ao ano. Por isso, hoje é mais fácil comprar o imóvel nessa faixa, pois o financiamento é baixo e tem uma adesão muito grande. O programa de habitação tem taxas de juros atrelados à poupança e ao FGTS, por isso, consegue se manter abaixo do valor da Selic”, diz Lima.
Para quem busca financiar um imóvel pelo programa, os proponentes precisam se enquadrar nas regras pré estabelecidas pela Caixa Econômica Federal.
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Conforme a cartilha, o cliente tem até 30 anos para pagar, com taxas de juros e subsídios a serem concedidos conforme o grupo de renda e localização do imóvel, com valor máximo de R$264.000,00 para o financiamento.
Existem tetos para as três faixas de renda bruta familiar, conforme detalhamento. Além da renda, o valor do imóvel também é um indicador de qual a faixa de taxas de juros que os clientes poderão se enquadrar:
Famílias com renda bruta de até R$2.000,00:
Famílias com renda bruta de R$2.0001,00 até R$4.000,00:
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Famílias com renda bruta de R$ 4.001,00 até R$7.000,00:
Rodrigo usa o empreendimento Life In Residence, da IN Inteligência Construtiva, localizado em Goiânia. O complexo tem previsão de lançamento neste mês e integra o programa Casa Verde e Amarela.
“Todos os imóveis do empreendimento se enquadram no valor de referência do programa. Compradores com renda entre R$4 mil a R$7 mil teriam uma taxa de 7%. Além disso, com outros subsídios do programa Casa Verde e Amarela, é possível financiar até 80% do imóvel com parcelas entre R$600 e R$900″, afirma.
Mesmo aqueles que não possuem trabalho formal, como os autônomos, precisam comprovar renda dentro de uma das faixas, usando declarações de imposto de renda feitas e enviadas à Receita Federal, bem como movimentações bancárias.
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Elas podem ser consideradas para avaliação e possível enquadramento no programa Casa Verde e Amarela, mas “o ideal é o comprador avaliar a necessidade da aquisição do imóvel para a tomada de decisão, já que em alguns casos o aluguel pode ser mais vantajoso que o financiamento.”
Conforme sinalização do Copom, ainda existe previsão de novos aumentos da Selic, levando em conta o aumento do barril de petróleo, a crise causada pela guerra da Rússia contra Ucrânia e o encarecimento das commodities.
“É esperado que na próxima reunião do Copom a taxa eleve em um ponto percentual, indo para 12,75%. Ainda não temos sinal do teto para este ano, porém, no atual cenário de incerteza na macroeconomia que pode sofrer variações, podemos ver a Selic acima de 14% no fim de 2022”, diz.