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Arquiteta usa humor para analisar projetos e criticar elitismo da área

Luísa Luniere tem mais de 34 mil seguidores no Instagram e quase 100 mil no TikTok

Por:Breno Damascena 23/03/2023 3 minutos de leitura
Criar conteúdo para as redes sociais foi a solução que ela encontrou para driblar barreiras sociais da profissão/ Crédito: Arquivo Pessoal

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Depois de terminar a faculdade de arquitetura e urbanismo, Luísa Luniere teve uma aula de vida real que nenhum professor havia ensinado. A pandemia criou uma barreira entre a jovem recém-formada e o mercado de trabalho. Ela aproveitou o período para estudar comunicação digital e, finalmente, em janeiro de 2023, resolveu colocar o plano em prática. Em menos de três meses, tornou-se um fenômeno nas redes sociais. 

Os vídeos são simples. Apenas Luísa reagindo a projetos arquitetônicos carregados de detalhes esdrúxulos. O que impressiona é a narrativa irônica, a linguagem rápida e o humor característico do TikTok. Não à toa, a visão analítica e o carisma da arquiteta impulsionaram seu perfil na rede a mais de 2,7 milhões de curtidas e quase 100 mil seguidores. No Instagram, ela já acumula mais de 34 mil fãs. 

“Comecei a publicar vídeos com o intuito de prospectar clientes”, admite Luísa. “O mundo da arquitetura é feito de indicações. Como não tenho família influente, nem conhecidos na área e nem sou conectada ao meio, é muito difícil. Mas eu não esperava que os resultados fossem tão rápidos. Sinceramente, achava que ia falar sozinha por dois anos até que alguém começasse a me assistir”, pondera.

@luniere.arq

mais um projeto comentado! me conta aqui o que vocês acharam! . . créditos: @housedesign77 #arquitetura #humor #interiordesign #arquiteta #decoraçãodeinteriores

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♬ som original – Luniere.Arq

O resultado foi meteórico. O primeiro vídeo publicado no TikTok data de meados de 2022. Mas os tais “reacts”, de fato, começaram apenas no final de janeiro deste ano. Por isso, Luísa ainda não sentiu os efeitos dessa projeção em suas finanças. “Continuo trabalhando como professora de inglês numa escola para pagar as contas, mas já consegui fechar meus primeiros projetos de consultoria.”

Reconhecimento na área

Durante uma dessas aulas, ela conta que uma aluna a reconheceu dos vídeos que produz para a internet. “Mas nunca fui reconhecida na rua”, brinca. Já entre seus pares a história é outra. “Está virando uma loucura! Vejo muita gente compartilhando. Aí eu prefiro reagir principalmente a projetos de fora do Brasil, por uma questão ética. Quando vou falar de iniciativas nacionais, tento falar de forma mais prática”, comenta.

Essa organização já se tornou parte da sua rotina. Todos os dias, a arquiteta organiza algumas horas para produzir conteúdo. O seu plano agora é continuar produzindo mesmo quando mais projetos começarem a ser solicitados por eventuais clientes. Luísa, porém, admite que ainda se sente tímida. Publica os vídeos e desliga o celular para não ver as notificações chegando.

Desmistificando a arquitetura

Apesar da timidez, Luísa conta que não cria uma personagem para interpretar em seus vídeos. “Quem convive comigo sabe que eu sou daquele jeito mesmo. É como se eu estivesse conversando com alguém na mesa do bar, com piadas e ironia. Tento me colocar no mesmo nível da pessoa, não em um nível acima”, comenta, já antecipando a cutucada no mundo da arquitetura.

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Boa parte dos vídeos de Luísa refletem as relações no mercado de trabalho. “O arquiteto muitas vezes tem vontade de ser colocado em um patamar superior. E grande parte deles trabalha para tornar a profissão ainda mais elitizada, o que contribui para que pessoas com menos acesso acabem se afastando dessa possibilidade”, lamenta. “E olha que o serviço de um arquiteto não chega nem a 5% do valor total da obra.”

Utilizando uma comunicação mais acessível, a arquiteta tenta desmistificar a profissão e tornar o cenário mais convidativo para outras pessoas. “A minha principal crítica é ao mercado de luxo. Tem muita coisa cara que se torna padrão só porque é cara. Não é bonito, não é funcional e muitos nem sabem para que serve”, pontua. “Mas a arquitetura pode ser mais democrática e acessível até para quem mora de aluguel.”

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