Apesar do tamanho reduzido, crianças ocupam uma quantidade considerável de espaço, principalmente se você mora em um apartamento pequeno na cidade de Nova York. E o quebra-cabeça na casa só vai ficando mais complicado com cada criança adicional.
Se você coloca irmãos juntos em um quarto compartilhado, precisa ir constantemente reinventando a disposição dos móveis para dar lugar a mais coisas e pessoas maiores, por exemplo, trocando as camas individuais por beliches. À medida que as crianças crescem, você se pergunta o que acontecerá quando, digamos, precisarem de uma mesa. Ou pior, o que acontece se eles quiserem um quarto próprio?
“É uma evolução real, mas você escolhe um apartamento e depois fica presa naquilo tentando planejar como as coisas podem ser”, conta Jessica Vitkus, 51, que mora com o namorado, Stephen Murello, 54, e suas filhas gêmeas de 4 anos em um apartamento de dois quartos em Christodora, no East Village. “Quando se tem filhos, você precisa estar aberto para pensar em como usar o espaço e onde colocar as pessoas.”
Quando nasceram, Sadie e Matilda Vitkus dormiam no quarto principal com sua mãe, Vitkus, produtora de TV. Mas então, quando as gêmeas tinham cerca de 10 meses, Vitkus começou a namorar Murello, diretor de fotografia. As meninas logo foram levadas para o segundo quarto, que tinha sido “meu cantinho divertido e quarto de hóspedes. Mas esse tempo acabou.”
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Agora, às vésperas do quinto aniversário, Sadie e Matilda superaram suas confortáveis camas de criança e deram umas dicas não tão sutis, dizendo coisas como: “mamãe, eu não caibo”. “Eu respondo: ‘encolha-se que fica mais aconchegante. Seja como um pequeno inseto’. Tento transformar isso em algo positivo, mas sei que estou enrolando.”
Em breve, Vitkus terá que descobrir como colocar duas camas de solteiro no pequeno quarto. Beliches fariam mais sentido, mas quem realmente quer beliches? Eles são altos, ficam empilhados e não são nada legais para se acomodar. As brigas sobre quem fica com a cama de cima são inevitáveis até que, eventualmente, as crianças superem o arranjo. Nesse ponto, preso a um móvel de tamanho grande e obsoleto, é necessário reorganizar o quarto novamente.
“A melhor coisa para maximizar seu espaço é organizar e desentulhar”, explica Shalena Smith, proprietária da Gaga Designs, uma empresa de design de interiores de Los Angeles especializada em espaços infantis. Smith muitas vezes encontra caos desnecessário nas casas de seus clientes. “Literalmente, eu entro lá e fico tipo, ‘Você ainda usa isso? Não. Seu filho ainda brinca com isso? Não.’ Muitas coisas podem sair do quarto.”
Limpe o excesso e um novo espaço se materializará. Ainda assim, com limites, mesmo que se amplie. Depois de morar em apartamentos apertados com crianças pequenas no Brooklyn, e depois ainda em Nova Jersey, minha família se mudou para uma casa no subúrbio, em 2013. Com toda essa infinita metragem quadrada, peguei um dos três quartos para ser meu escritório, pois trabalho em casa. Meu marido e eu colocamos as crianças no terceiro quarto e elas eram pimentinhas felizes, conversando à noite e decorando as paredes com seus projetos de pintura a dedo.
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Imaginei que levaria anos até que elas tivessem idade suficiente para perceber que meu escritório sereno, com duas janelas, era na verdade um quarto que uma delas poderia ocupar. Quando chegasse a hora, eu me mudaria. Para onde? – você pode perguntar. Eu não tinha pensado muito nessa questão.
Mas agora que as crianças têm 7 e 10 anos, posso sentir o dia do acerto de contas – elas olham avidamente para o meu quarto arejado, discutindo sobre quem ficará com ele. Minha filha tem grandes ideias para uma cama com dossel e uma mesa de cabeceira com uma lâmpada de borboleta. Meu filho simplesmente quer que a luz noturna da irmã saia de perto dele. Mas aqui está a grande chave para os meus planos: não quero ser banida para o porão, o local da aposentadoria natural de todas as coisas que não têm mais para onde ir.
Então chegamos à próxima fase da interminável equação da reorganização: quanto espaço ainda temos? Ou é hora de um levante? Afinal, crianças de todo o mundo e na maior parte do tempo compartilham quartos entre si e com frequência com os pais também. “Essa ideia de que todo mundo tem seu próprio quarto é muito nova na história, se você parar para pensar”, afirma James J. Crist, que escreveu com com Elizabeth Verdick o livro “Irmãos: vocês estão presos um ao outro, então fiquem juntos”.
O censo dos Estados Unidos não rastreia quantas crianças compartilham quartos, nem a cidade de Nova York. No entanto, a Pesquisa de habitação e vagas de Nova York, realizada em 2014, constatou que apenas 26% dos apartamentos da cidade tinham três ou mais quartos. Com a maioria dos nova-iorquinos morando em apartamentos menores, as crianças claramente dividem o quarto. A mesma pesquisa também descobriu que 8% das famílias com crianças menores de 18 anos estavam em lares considerados lotados, com mais de duas pessoas por quarto. Mas, ainda assim, se houver uma alternativa ao compartilhamento, você começa a se perguntar se deve se permitir.
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Surpreendentemente, especialistas dizem que talvez não. “Quando as crianças dividem um espaço, haverá conflito, mas isso não é algo que devemos procurar evitar”, diz Joanna Faber que, com Julie King, escreveu “Como falar para que crianças pequenas ouçam”. “Deixando de lado todas as coisas maravilhosas sobre dividir um quarto, das quais acho que há uma montanha, o conflito é uma oportunidade para praticar habilidades.”
Em outras palavras, a discussão e todas as conversas noturnas são legais. Mas as necessidades das crianças mudam à medida que crescem, mesmo que o tamanho do quarto não mude. As crianças mais velhas precisam de mesa para fazer lição de casa e privacidade. O mais velho pode precisar estudar tarde, enquanto o mais novo ainda acorda cedo. Para resolver esses problemas, Smith sugere sacrificar as cômodas para recuperar uma área quadrada de uma mesa. Consiga camas com gavetas embutidas ou reconfigure o armário para caber nas prateleiras. Quanto à privacidade, que tal um divisor de quarto com cortina Ikea – como uma cortina de hospital, mas para o quarto?
Uma mudança de perspectiva também ajuda. “Não é que eles tenham que dividir, mas que compartilhem um quarto”, diz Smith. Isso resolveu o problema para mim: vou ficar onde estou, embora algumas redecorações de quarto possam chegar em um futuro próximo. Os nova-iorquinos têm um talento especial para fazê-lo funcionar. Sky Khan, escritora cuja página do Instagram narra as aventuras de uma família de seis pessoas que vive na cidade, afirma que seus quatro filhos “estão literalmente embalados como sardinhas” no apartamento de dois quartos da família, em Chelsea.
Khan e seu marido, Ben Flammang, ambos com 40 anos, treinaram seus filhos para dormir em closets. Agora, os três mais novos – Kiki, 7, Sander, 6 e Quinn, 1 – estão acomodados em um quarto nos fundos. Quinn dorme no que Khan descreve como uma barraca Montessori, enquanto Kiki e Sander compartilham um beliche de três andares construído por Flammang, que trabalha com desenvolvimento de negócios. “Eles adoram”, fala Khan. “É como uma festa do pijama todas as noites.”
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Como presente de 10 anos, Nash, o mais velho, foi promovido para um quarto sem janelas, que Flammang construiu adicionando paredes temporárias ao corredor. A recente mudança de Nash deu a seus irmãos novas ideias sobre o espaço, mesmo que não seja mais uma possibilidade. O garoto de 6 anos também pediu seu próprio quarto. Khan evitou o pedido, lembrando-o de que sua irmã mais velha é a próxima na fila. Por enquanto, “estamos meio que enlouquecendo”, confessa.