Melhorar o acesso ao crédito e fomentar programas de subsídios são ferramentas essenciais para a expansão do setor imobiliário no Brasil. Essas ideias foram sustentadas em painel sobre a importância do diálogo de companhias privadas com o poder público para a habitação no Summit ABRAINC, evento que debateu os primeiros 100 dias de governo sob a perspectiva de atores do mercado.
“É importante reafirmar que não existe moradia para o atendimento dos mais pobres que não conte com subsídio do Estado”, disse Inês Magalhães, vice-presidente de Habitação da Caixa. Ela argumentou que a prática vem se mostrando uma estratégia eficiente para estimular a compra de unidades habitacionais pelas populações mais pobres.
Para Ricardo R V Gontijo, CEO da Direcional Engenharia, incorporadora que atende famílias subsidiadas pelo MCMV, a iniciativa privada acredita no programa e está atuando para aprimorá-lo. “O subsídio é um investimento que se torna gerador de renda em função dos empregos criados e da arrecadação, além de propiciar situações mais favoráveis de bem-estar social”, afirmou.
O programa habitacional recém-lançado pelo governo Lula ainda deve sofrer algumas alterações até chegar ao modelo ideal. De acordo com o secretário nacional de Habitação, Hailton Madureira, um dos papeis da sua equipe é promover novos formatos de habitação. “Queremos desenvolver novas modalidades, lotes humanizados, parcerias público-privadas e melhores condições de crédito.”
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Madureira acredita que, com acesso a crédito e subsídios, famílias de todas as rendas que precisam de casa serão atendidas. Colocar a moradia como prioridade do Estado também foi uma demanda apresentada por Edinho Silva, prefeito da cidade de Araraquara, interior de São Paulo. “Desta forma, a população e a sociedade saberiam, de fato, o que vai acontecer, independentemente da troca de governos. Ter essa clareza e um ambiente de estabilidade será um bom cenário para todos”, contextualizou.
O presidente da Setin Construtora, Antonio Setin, se mostrou otimista neste cenário de transformações que o setor vem passando nos primeiros 100 dias do ano. “Este mandato tem um viés pró-mercado imobiliário. O governo Lula já manifestou mais de uma vez que habitação é um tema importante não só para baixa renda, mas para a classe média também”.
Porém, atuando como porta-voz do mercado, Setin defendeu novas mudanças para impulsionar o crescimento do setor, como o abatimento do Imposto de Renda (IR) dos juros que se pagam na aquisição da casa própria. “A taxa de juros está em um patamar que não conversa com o mercado imobiliário.”