Cuidar do meio ambiente já não é só uma questão de conscientização, mas sim de necessidade. Por isso, as construções sustentáveis estão ganhando cada vez mais espaço no mercado imobiliário global. Agora, chegou a vez de um empreendimento Minha Casa Minha Vida (MCMV) receber o selo verde.
A certificação que faltava para o programa é o AQUA-HQE – Habitação Social Sustentável, desenvolvida pela Fundação Vanzolini. Este visto tem como objetivo avaliar e dar chancela exclusiva às habitações de interesse social elegíveis às linhas de crédito de 1 a 3 do Minha Casa Minha Vida. O empreendimento Amadis, da incorporadora Tarjab, foi o primeiro edifício residencial do País a ganhar esta notoriedade.
“Já faz parte do DNA da construtora erguer imóveis visando o meio ambiente a partir de um bom planejamento do projeto, da economia e racionalização da utilização dos recursos naturais. É o que está sendo feito com o residencial Amadis, que tem entrega prevista para janeiro de 2022”, afirma o diretor-técnico da construtora, Sérgio Domingues.
No caso do Amadis, tudo começou pela busca por um canteiro de obras com baixo impacto ambiental – que foi encontrado no Ipiranga. Para levantar a estrutura da torre de 22 pavimentos e 177 apartamentos (unidades de 36,68 m² a 44,79 m² privativos), com dois dormitórios e uma vaga de garagem, serão executadas medidas para a proteção da vegetação, coleta seletiva de resíduos e o uso de tintas a base de água, que exalam menos odores.
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Já em relação à operação, o condomínio será equipado com detector de presença e sensores fotoelétricos dia e noite para o acionamento e desligamento da iluminação exterior, reduzindo assim o consumo de energia. Sistemas economizadores de água também serão usados, entre eles bacias sanitárias de duplo fluxo, torneiras das áreas comuns com fechamento automático e restritores de vazão arejadores.
Alguns conceitos sustentáveis já fazem parte da construção dos imóveis do programa, como a medição individualizada de consumo e aquecedor solar de água – obrigatório nas casas térreas. A propósito, a Caixa Econômica Federal criou o Selo Casa Azul para certificar os empreendimentos que adotam estes e outros itens em seus projetos habitacionais.
Um dos edifícios que recebeu o visto azul foi o residencial Liberdade do Complexo For Life Maraponga, construído pela MRV Engenharia em Fortaleza, o primeiro da região a receber a condecoração. Além dos itens sustentáveis, a companhia optou pela instalação de bicicletário e a utilização de escada pré-moldada e laje içada, com objetivo de reduzir a perda de materiais e a geração de resíduos. Também foram adotados o uso de madeira de reflorestamento, a instalação de elevadores econômicos e a utilização de torneiras com arejadores, para reduzir o consumo de água.
A Caixa também concedeu o selo para os condomínios E e G do Projeto de Urbanização de Paraisópolis, projetados pelo escritório Elito Arquitetos. Os imóveis contam com a utilização de lâmpadas econômicas e vaso sanitário com alternância do fluxo de água.
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Já o prédio Guaratinguetá da Construtora Bairro Novo, localizado em Santo André, na região metropolitana de São Paulo, é outro projeto reconhecido pela Caixa. Assim como os empreendimentos anteriores, este teve a preocupação de contar apenas com madeira certificada, prover a retenção de águas pluviais e criar ações para o desenvolvimento pessoal dos empregados.
A ideia, apesar de inovadora, faz parte de um fenômeno recente no mercado imobiliário. Cada vez mais construtoras estão apostando na sustentabilidade como um diferencial competitivo, de modo a atender a demanda de um público consumidor crescente e que enxerga o desenvolvimento sustentável como algo fundamental no processo de escolha de um imóvel.
De acordo com a Fundação Vanzolini, o Brasil é o 2º país com maior número de certificações HQE no mundo, atrás somente da França. Atualmente são 309 empreendimentos certificados, que compreendem 519 edifícios. Os números também crescem a cada ano: foram 19 edifícios certificados em 2017, 40 em 2018 e, até o começo de maio de 2019, mais 14.
Todos ganham com a multiplicação dos edifícios sustentáveis. Para o empreendedor, os ganhos vão desde o melhor gerenciamento e controle dos projetos até economia de recursos no canteiro de obras (energia, água, materiais, etc.), menor geração de resíduos e correta destinação, valorização do empreendimento e da imagem da empresa e, consequentemente, mais velocidade de vendas.
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Para o consumidor, por sua vez, os benefícios também são grandes. “Destaque para a superioridade do padrão de qualidade de vida no empreendimento e potenciais reduções nos custos de operação do edifício, como melhorias no conforto térmico, acústico, lumínico e olfativo, cuidados para com a saúde dos usuários, reduções nos consumos de água e energia, facilidades na manutenção e conservação”, aponta Felipe Queiroz Coelho, assistente técnico da certificação AQUA-HQE da Fundação Vanzolini
Um mapeamento realizado pelo grupo Zap constatou que 56% dos lançamentos de São Paulo inaugurados em 2018 fazem parte do programa federal de cunho social.
Os imóveis, em geral, são apartamentos de 39 m² com até dois dormitórios, uma vaga de garagem e distantes do centro expandido, revelou ainda a pesquisa. Os bairros de Itaquera, Campo Limpo e Pirituba foram os que mais receberam lançamentos no ano passado, concentrando 80% dos imóveis voltados para participantes do programa.
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Estás informações são muito importante pois agregam conhecimento para o trabalho de um consultor que tem interesse de se destacar no mercado imobiliário..
Att.
Ducato
As construtoras poderiam incorporar aos empreendimentos a instalação de energia solar para suprir a demanda, pelo menos, das áreas comuns. Esta medida teria um impacto ambiental e diminuiria o custo do condomínio. Estamos fazendo isso...