Diante da deterioração da economia brasileira, o mercado de fundos de investimentos imobiliários (FIIs) tende a ser mais fraco em termos de captação de recursos em 2022. Neste momento, existem apenas três ofertas de emissões de cotas na fila e outras quatro que foram iniciadas no último mês, totalizando R$ 1,5 bilhão, conforme levantamento realizado pela Suno para a Coluna.
Por enquanto, o número ainda é discreto e aponta para um desaquecimento. No ano passado, foram concretizadas mais de 70 ofertas, com captação em torno de R$ 22 bilhões, de acordo com boletim da B3 – que considera apenas as ofertas destinadas ao público em geral. Se forem incluídas na conta as ofertas exclusivas a investidores profissionais, o montante é ainda maior.
Entre as poucas operações no radar este ano, o destaque está nos fundos de papel, com três das ofertas e um terço do total de captações previstas. A maior delas é do fundo RBR Premium Recebíveis Imobiliários, com R$ 304 milhões. Os fundos de papel aplicam os recursos em ativos como recebíveis e letras de crédito, que geralmente são corrigidos pela inflação ou CDI. Por isso, funcionam como investimentos defensivos em períodos de crise econômica, como a vivida hoje. Daí sua atratividade.
Por sua vez, os fundos de tijolos, que aplicam seus recursos na compra de prédios corporativos, shopping centers e hotéis, entre outros, devem ter ofertas bem mais seletivas neste ano. Esses tipos de imóveis andam com problemas de ocupação, inadimplência e/ou faturamento devido às mudanças de comportamento da população provocadas pela pandemia – o que tem afastado investidores.
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Entre os fundos de tijolos, a exceção está no setor de galpões logísticos, que segue bastante aquecido em virtude da demanda do comércio eletrônico. Vem justamente daí a maior oferta do momento: o fundo Prologis Brazil Logistics Venture está buscando na praça R$ 450 milhões para investir em novos empreendimentos.
O desaquecimento do setor está relacionado à deterioração da economia brasileira. Tanto que o Rec Logística – que teve sua oferta cancelada – não poupou críticas ao governo de Jair Bolsonaro. No comunicado emitido esta semana pelo fundo explicando o porquê do ponto final da sua operação, o fundo apontou a inflação galopante e a PEC dos Precatórios.
Nas palavras do fundo, a “adoção de uma política ainda mais expansionista pelo governo federal, somada ao momento inflacionário já vivido pelo País e pelo alto nível de endividamento público brasileiro, foi recebida de forma negativa pelo mercado”, o que inviabilizou a atração de investidores. Poucas vezes gestores são vistos soltando o verbo assim.
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Conteúdo originalmente publicado em:
https://economia.estadao.com.br/blogs/coluna-do-broad/com-peso-da-crise-fundos-imobiliarios-terao-menos-emissoes-em-2022/