Não é segredo que o investimento em imóveis é considerado um bom negócio. No entanto, é preciso se atentar a alguns detalhes no processo de aquisição para evitar prejuízos no momento de revender ou colocar para alugar. Para ajudar a identificar as características que podem rebaixar o valor de mercado, consultamos o CEO da Casafy, portal de negócios imobiliários, Renato Orfaly.
“Além da documentação em dia, é importante estar atento aos desgastes estruturais para que as obras de reparo sejam feitas rapidamente, evitando o acúmulo de problemas causados pelo tempo e, portanto, a depreciação do bem”, explica.
Um dos fatores mais importantes para se evitar a desvalorização de um imóvel é estar com a documentação regularizada. Caso esses documentos estejam incompletos, irregulares ou com débitos de impostos atrasados, a queda do valor torna-se algo iminente. No Brasil, não há como formalizar o aluguel ou venda de um imóvel que esteja com pendências legais.
Segundo levantamento realizado pela Lello, 20% das vendas de imóveis de terceiros não são concretizadas na cidade de São Paulo devido a irregularidades na documentação apresentada pelos vendedores, proprietários das unidades. Esse percentual representa um a cada cinco vendas canceladas. “A documentação regular deveria ser uma exigência das imobiliárias antes de anunciar um imóvel, para tornar o negócio mais seguro e evitar desgaste desnecessário”, recomenda Orfaly.
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O estado geral do bem não poderia faltar entre os fatores que pesam na definição do nível de depreciação. Problemas como pintura gasta e paredes descascando, vazamentos, infiltrações, pisos ou carpetes envelhecidos, deteriorações visíveis da estrutura, dentre outros defeitos, podem provocar má impressão para o locatário ou comprador e, assim, afetar o posicionamento de mercado a respeito do imóvel.
Dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), do ano de 2018, informam que a frota de veículos circulantes no Brasil era de 65,8 milhões, entre automóveis e motocicletas. Por isso, outro fator de valorização é a vaga de garagem. Assim, mesmo que a pessoa não possua um veículo, a vaga subutilizada pode ser locada ou vir a ser utilizada em outro momento.
Morar próximo a boates e bares muito agitados pode representar transtornos e, por isso, colaborar com a depreciação da propriedade. Imóveis próximos a estabelecimentos muito barulhentos são mais difíceis de serem alugados e inquilinos não costumam permanecer por muito tempo. Fixar residência em avenidas muito movimentadas, apesar de ser positivo pela acessibilidade, pode ser uma circunstância menos interessante, por causa do barulho.
Morar em um imóvel com vista para um cemitério pode não ser a forma como uma pessoa deseja iniciar a sua manhã. Existem pessoas que não se incomodam, pois tiram proveito da calmaria e do silêncio do local, além da certeza de estabilidade na paisagem, já que novos empreendimentos não poderão ser construídos naquela localidade. Por outro lado, podem surgir novos problemas: a atração de ladrões, por exemplo, que invadem cemitérios para roubar lápides e outros objetos de valor.
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Se a taxa de criminalidade da região for alta, elevam-se, também, os gastos com segurança, o que pode incidir no valor do imóvel. Se for apartamento, os gastos com segurança privada, instalação de equipamentos de monitoramento e demais aparatos podem aumentar o valor da mensalidade do condomínio.
Cada vez mais, na hora de considerar a compra ou a locação de um imóvel, os interessados prezam pela comodidade. Residir longe de comércios, supermercados, escolas e ter difícil acesso a meios de transporte podem ser empecilhos para a valorização. Gastar muito tempo de locomoção para fazer compras ou trabalhar também pode fazer com que o valor da propriedade caia.
O que deveria ser sinônimo de segurança, não é visto dessa forma pelo mercado imobiliário. A possibilidade de conviver ao lado de um presídio afugenta as pessoas, não só pela confusão causada pela movimentação habitual de criminosos e policiais fortemente armados, mas também por eventualidades, como rebeliões ou fugas.