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Placa de “Vende-se” no portão atrai mais compradores do que anúncio online, revela estudo

Especialista indica que placas funcionam porque estão inseridas no território de desejo de comprador/ Crédito: Joa Souza/AdobeStock
Breno Damascena
07-04-2025 - Tempo de leitura: 3 minutos

O mundo é digital, mas na hora de escolher onde morar as pessoas ainda optam por processos tradicionais. Segundo um levantamento da startup Compre & Alugue Agora, as placas de “vende-se” e “aluga-se” anunciando a disponibilidade de um imóvel no portão de prédios e casas ainda são o principal canal de atração, sendo responsáveis por 75% dos potenciais clientes.

Em comparação, os portais online alcançam 18,6% dos compradores, enquanto as redes sociais representam apenas 6,3% desse volume. “As placas continuam sendo relevantes porque elas estão inseridas no território de desejo do comprador”, analisa a corretora de imóveis Sophia Martins. 

“Quem passa por uma rua, vê a placa e liga, geralmente já têm conexão com a região — seja porque mora por perto, trabalha ali ou tem uma referência emocional”, adiciona. “Além disso, o excesso de anúncios digitais, muitas vezes genéricos ou mal detalhados, faz com que o online se torne confuso. A placa é quase como um convite direto: ‘Ei, esse imóvel é real, está aqui na sua frente’”.

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O Índice Nacional das Imobiliárias (INDI CAA) ouviu mais de 200 imobiliárias e corretores de imóveis no interior do estado e na capital paulista. Segundo o levantamento, 66,6% dos entrevistados consideram as placas altamente eficazes, 16,7% acreditam que seu impacto é moderado, enquanto 16,6% avaliam que elas não geram resultados significativos.

Excesso de ofertas

De acordo com os profissionais escutados pelo Índice, o aquecimento do mercado imobiliário está se tornando um desafio para os corretores de imóveis. Para 42% dos entrevistados, o excesso de oferta é um obstáculo real para alugar ou vender, enquanto 28% apontam que os preços praticados estão incompatíveis com a realidade, dificultando as negociações.

“O excesso de ofertas pode gerar paralisia no cliente. Quando há muitas opções disponíveis, ele tende a ficar mais indeciso, comparando detalhes, preços e localizações — e isso prolonga o processo de decisão”, observa Fábio Gozzi, fundador do Compre & Alugue Agora, empresa à frente do estudo.

Para o corretor, ele aponta, isso representa um desafio: em vez de facilitar a venda, a abundância de imóveis exige mais tempo, mais argumento e mais estratégia para conduzir o cliente até a escolha ideal. 

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Outros empecilhos apontados foram a dificuldade de financiamento (14%) e taxas de juros altas (14%), o que “empurra” muitos potenciais clientes para o aluguel. 

“Financiar um imóvel ficou mais caro, o que afastou muitos compradores. O aluguel tem se apresentado como uma alternativa mais viável, especialmente para quem precisa de um imóvel de forma mais imediata ou quer evitar o comprometimento de longo prazo”, pontua o executivo. 

Preferência por usados

Enquanto a alta na taxa de juros e o excesso de ofertas complicam a vida dos corretores, os imóveis usados surgem como uma tábua de salvação. Segundo o estudo da Compre & Alugue Agora, este tipo de propriedade corresponde a 85% das buscas dos seus clientes, enquanto apenas 7,15% demonstram interesse em imóveis novos. Os outros 7,15% não veem diferença significativa entre as alternativas.

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“A preferência pelos imóveis usados tem a ver com a concretude. O cliente quer ver, tocar, entender a real metragem, a incidência de luz, o barulho da rua. Tudo aquilo que um decorado ou um projeto em planta ainda não entrega”, entende Martins. 

Preferências por regiões consolidadas e preços mais acessíveis ajudam a explicar maior procura por imóveis usados/ Crédito: Joa Souza/AdobeStock

Para ela, também é comum que imóveis usados estejam em regiões mais consolidadas, com infraestrutura pronta e vizinhança definida — o que também influencia na decisão. “Existe, ainda, o componente emocional. O cliente se projeta mais rápido em um espaço que já existe. Ele visualiza sua vida ali. Isso acelera o vínculo e, muitas vezes, encurta o ciclo da decisão”, indica.