Com as incertezas que marcam o mercado de trabalho e a estabilidade financeira da população brasileira, o setor imobiliário em geral sofreu estagnação desde o início da pandemia do novo coronavírus. De acordo com pesquisa feita pela Associação Para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil (ADIT Brasil), 45% das pessoas que tinham intenção de adquirir um imóvel no início do ano desistiram da compra.
Apesar de o período exigir cautela, no entanto, a crise deflagrou oportunidades para quem está disposto a investir. Um levantamento da Zukerman Leilões mostra que, em comparação ao primeiro trimestre do ano passado, a oferta de imóveis em leilões online cresceu 33% e as vendas concretizadas subiram 16%. “Os leilões oferecem oportunidades abaixo do valor de mercado e, em momentos de crise, os valores tendem a cair ainda mais”, diz o CEO André Zukerman.
Entre os fatores que desencadearam a alta está justamente a desistência de boa parte dos compradores. “Menos pessoas estão dispostas a comprar imóveis e se descapitalizar”, afirma Henri Zylberstajn, CEO da Sold Leilões, empresa do Grupo Superbid. “Quando isso acontece no mundo dos leilões, você tem menos disputa e, consequentemente, valores de arremate mais baixos, o que torna o ambiente propício para melhores negócios.”
A empresa registrou aumento de 74% no número de imóveis ofertados e de 33% nas vendas em relação ao mesmo período de 2019. A previsão de crescimento na inadimplência também deve contribuir para a movimentação do setor. “A tendência daqui para frente é um aumento na quantidade de imóveis retomados pelos bancos e, dentro dessa lógica, nós teremos cada vez mais oportunidades de leilões”, avalia o executivo.
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O interesse pela diversificação de investimentos também está favorecendo a área, segundo Fernando Cerello, leiloeiro da Mega Leilões, que registrou aumento de 40% nas vendas. “Muitos investidores estão migrando do mercado de ações por causa da volatilidade da Bolsa”, conta. “No mercado de leilão esse investidor compra um imóvel por um valor 30% a 40% mais baixo e ele permanecerá lá, não sofrerá perdas como na Bolsa.”
As instituições financeiras têm oferecido maior flexibilidade, com descontos e possibilidade de financiamento de 90% do valor total do imóvel, que algumas permitem parcelar em até 420 vezes. A Mega Leilões oferece ainda a quitação de parcelas de IPTU e condomínio do ano de 2020 como vantagem a quem arrematar. A Zukerman também passou a personalizar as negociações para fazer análises caso a caso, a fim de viabilizar as aquisições.
Com 70% de pessoas físicas como compradoras, a Sold Leilões aponta que bancos e incorporadoras estão realizando um esforço não só na redução de preços, mas nas condições de pagamento, diminuindo inclusive as taxas de juros. “Claro que é feita uma análise de crédito, porque nesse momento de crise você não pode abrir 100% a torneira, mas, sim, nós temos condições de pagamento bem mais favoráveis”, diz Zylberstajn.
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