Os modelos de trabalho híbrido e remoto transformaram as demandas de quem compra imóvel no Brasil. Essa foi uma das conclusões apresentadas pelo estudo “Tendências de Moradia”, realizado pelo DataZAP+ e divulgado no Conecta Imobi, evento voltado para o mercado imobiliário que acontece entre hoje e amanhã no Expo Transamérica, em São Paulo.
“Percebe-se que a pandemia, ao impulsionar mudanças nos formatos de trabalho, reforçou tendências e acelerou mudanças nos imóveis procurados pelos compradores”, explica Danilo Igliori, VP e economista-chefe do DataZAP+. “Esse movimento é percebido tanto pelas características dos imóveis quanto pela sua localização”, complementa.
Prova disso é que 3 em cada 10 compradores de imóveis estão dispostos a mudar de cidade, segundo a pesquisa. Esse número está próximo da quantidade de entrevistados que podem trabalhar de forma remota pelo menos dois dias da semana – 4 em cada 10. Destaca-se também que 5% são nômades digitais e 5% trabalham ao ar livre.
A experiência com o trabalho em home office influenciou a busca por imóveis com mais área útil (56%), varanda/sacada (52%), quintal (49%), luz natural/espaços arejados (41%) e ambiente para escritório (36%). “Aquela ideia de ter grandes espaços abertos perde a força quando você precisa ficar bastante tempo dentro do apartamento. Agora as pessoas procuram privacidade dentro das próprias residências”, acredita Danilo.
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Para ele, essa tendência manda uma mensagem importante para as incorporadoras de revalorização das plantas antigas de arquitetura, com mais divisões e cômodos. Isso se reflete no tamanho dos imóveis procurados pelos compradores. A maior parcela do público entrevistado busca imóveis com área acima de 90 m², com a média em torno de 103,45 m², e três dormitórios, especialmente entre o público de classe A (58%).
Ao apontar que cerca de 9 em cada 10 entrevistados desejam ter uma vaga de garagem no imóvel, o estudo mostra que ter um carro ainda é importante para quem compra imóvel. No entanto, o estudo também aponta que as gerações mais jovens gerações mais jovens (Z e Y: 9%) consideram esse um elemento menos importante que as gerações mais velhas (X e BB: 3%).
Mais importante do que isso, porém, é a localização do imóvel. Além de ser importante para indicar o preço, a proximidade de serviços e a mobilidade são determinantes na decisão dos compradores.
Neste sentido, o imóvel estar próximo de vias de acessos e avenidas (48%) é o principal aspecto considerado pelo público. O item é seguido pela proximidade de parques e áreas verdes (29%); clubes, shoppings, teatros e museus (24%) e praias (15%).
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Já entre os serviços próximos, destacam-se supermercados e padarias (80%), farmácia (35%), hospitais e clínicas (29%) e bancos/lotéricas (24%). “Essas demandas se relacionam com o conforto, mobilidade e meio ambiente, preocupações que foram reforçadas pela pandemia”, aponta Danilo.
Além do tamanho dos apartamentos, o público que compra imóvel no Brasil tem outras exigências marcantes para escolher o imóvel. Uma das mais marcantes é o desejo de morar em bairros planejados (46%). Ou seja, aqueles bairros que promovem um espaço urbano integrado com residências, opções de lazer, cultura e comércio.
Enquanto isso, 47% dos compradores querem morar na mesma cidade, mas em um bairro diferente do que residem atualmente e 26% estão confortáveis com o lugar em que vivem.
As atividades de mobilidade geográfica são claras, mas não acontecem em uma escala grande o suficiente para alterar as estruturas urbanas.
Danilo Igliori, VP e economista-chefe do DataZAP+Publicidade
Chama atenção, também, quem sonha com imóveis localizados em condomínios-clubes (28%) e condomínios com serviços pay-per-use (16%). Ambas refletem o desejo da população por facilidades integradas e com acesso a serviços que consideram importantes.
A qualidade de vida como foco da moradia fica ainda mais clara quando se analisa os itens convencionais e não convencionais preferidos pelos compradores de imóveis. Churrasqueira (49%), piscina externa (41%) e serviços de mensageria (39%) lideram o ranking divulgado pelo estudo da DataZAP+.
Preocupação com sustentabilidade
Aproximadamente 7 em cada 10 entrevistados afirmaram ser importante residir em um imóvel que possua reservatório de água da chuva (70%) ou bioarquitetura (67%). Enquanto isso, 65% espera sistemas de aproveitamento de água e 63% busca energia renovável limpa.
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“Olhar para tecnologia e questões ambientais é um caminho sem volta. É algo que já havia começado antes da pandemia, e vai continuar”, diz Danilo.
Hoje a pesquisa mostra esse comecinho de saída de pandemia. Essas tendências não têm muita volta. Elas vêm desde a pré-pandemia, passam pela pandemia. Olhar para a tecnologia e questões ambientais continuam.