As soluções mais eficientes muitas vezes são encontradas em práticas simples e tradicionais, embora precisem de nova roupagem e outras aplicações. É o caso do tijolo de adobe, que é artesanal, natural e gera menos resíduos. Embora totalmente eficaz na hora de erguer uma edificação, o uso de adobe requer cuidados especiais. Para começar, ele precisa ser aplicado rapidamente após a produção, o que significa que o tijolo deve ser feito no próprio canteiro de obras. Além disso, a edificação precisa ser permanentemente protegida de umidade. Depois de seco, ele pode se desintegrar quando em contato com as chuvas. Por isso, é necessário fazer uma proteção de telha ampla.
Outros modelos de tijolos ecológicos já estão sendo aproveitados em larga escala. Apesar de serem um pouco mais caros, eles não passam pela etapa de queima e se colam uns aos outros, ou seja, não empregam argamassa. Mas o design inteligente também pode dar uma forcinha para a construção civil: algumas marcas oferecem tijolos com um furo no meio, o que permite o encaminhamento de pilares e vigas entre os tijolos, facilitando o trabalho e gerando menos detritos ao final do processo.
Um grupo de pesquisadores da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, criou um tipo de tijolo cuja produção é 100% responsável, do ponto de vista ambiental. A matéria-prima do tal tijolo é, pasme, a urina humana! O professor Dyllon Randall e os estudantes de Engenharia Suzanne Lambert e Vukheta Mukhari primeiro utilizaram o insumo orgânico para desenvolver uma fórmula de fertilizante sólido. Mas houve sobra de líquido, que não deveria ser desperdiçado. A equipe então desenvolveu um novo processo biológico que envolve a urina somada à areia e bactérias, o que resulta nos chamados “biotijolos”.
O processo biológico pelo qual urina, areia e bactérias são submetidas se chama “precipitação de carbonato microbiano”. Funciona assim: o conjunto de areia é colonizado por bactérias que produzem a enzima “urease”. A enzima decompõe a ureia presente na urina formando a substância “carbonato de cálcio”. Esta complexa reação química solidifica a areia tornando o composto tão duro quanto as rochas. Em média, cada “fornada” exige de quatro a seis dias para ficar pronta. Toda urina usada no experimento foi coletada em banheiros coletivos masculinos. Cada biotijolo exige de 25 litros a 30 litros de urina para ser produzido.
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O que faz dos biotijolos tão sustentáveis do ponto de vista ambiental é mais do que seus insumos: é seu modo de fazer. A fabricação de tijolos convencionais exige a queima de materiais em fornos a temperaturas de aproximadamente 1.400°C, o que produz grande quantidade de dióxido de carbono, substância que colabora com o processo de aquecimento global. Produzidos a partir da precipitação de carbonato microbiano, os biotijolos precisam apenas da temperatura ambiente para curar. No entanto, como o processo produz um pH muito alto que mata todos os tipos de patógenos e bactérias, após 48 horas o odor amoníaco é dissipado. Assim, os biotijolos não oferecem qualquer risco à saúde nem ofende as narinas de quem os utiliza na construção.