As preocupações com o meio ambiente estão cada vez mais presentes, junto com a adequação do cotidiano às necessidades crescentes por mais qualidade de vida, o que inclui contato com a natureza, alimentação equilibrada, ar puro, água potável, energia limpa e saneamento básico que não lance desejos em locais inapropriados. Nas grandes cidades pode ser um pouco mais difícil conseguir integralmente esse combo da felicidade, mas algumas práticas simples podem ajudar. Ainda assim, se depois de ler nossa matéria você tiver dúvidas, saiba que o Ministério do Meio Ambiente tem uma cartilha bem completa para te ajudar a ter respostas e ideias sobre reformas e construções sustentáveis.
No meio urbano, adequações, como a instalação de painéis solares, já significam não apenas um acordo com o meio ambiente, mas também estreia as pazes com o bolso. Se você tem espaço para instalar as placas em um lugar com bastante incidência de luz e calor do sol, essa escolha pode gerar uma economia de 50% até 95% na conta de luz. Um gerador residencial de 1,98 kWp tem seu valor de instalação por aproximadamente R$ 4.500,00. Se o valor economizado for em torno de R$ 100,00 ao mês, isso significa que em 4 anos o investimento estará pago pela economia. Daí para a frente, o dinheiro poupado é lucro.
Já a opção pela energia eólica está cada vez mais próxima de quem tem espaços reduzidos, como um apartamento urbano. A turbina eólica residencial O-Wind, criada pelos estudantes Yaseen Noorani e Nicolas Orellana, da Universidade de Lancaster, na Inglaterra, é uma novidade capaz de gerar energia a partir de sopros que se deslocam nas mais variadas direções. Enquanto uma turbina eólica comum precisa ser instalada em uma torre alta e capta os ventos em apenas uma direção, a Turbina O-Wind é uma esfera portátil de 25 centímetros de diâmetro que transforma em energia o ar que sopra em qualquer direção, inclusive de cima para baixo ou de baixo para cima. Os estudantes averiguam agora a possibilidade de produção em larga escala.
A aplicação de técnicas que promovem a sustentabilidade de uma construção tem níveis de engajamento com o seu propósito. E os materiais que possibilitam um impacto menor ao meio ambiente, bem como menos geração de detritos ou a aplicação de materiais recicláveis depende muito da finalidade da construção. Existem bons exemplos do emprego de garrafas pets, pneus velhos e vidro reciclado em construções bastante sofisticadas. Mas existem ainda técnicas com o “superadobe”, também conhecido como “terra ensacada” ou “earthbag”, cujos sacos são usados como tijolos. Variações, como a vocação do espaço, condições do terreno e aspectos da cultura local podem influenciar a decisão pela técnica a ser utilizada.
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A Escola Rural Fazenda Canuanã, por exemplo, é onde estudam e vivem, sob regime de internato, cerca de 800 alunos, entre 7 e 18 anos. O idealizador do projeto realizado em Tocantins foi o arquiteto e designer Marcelo Rosenbaum. Na estrutura foram usados tijolos de adobe, madeira e trançado da palha, respeitando a tradição e as técnicas de construção dos povos nativos. O trabalho levou o prêmio de Arquitetura Educacional da Building of the Year 2018.
Um dos materiais muito comuns quando pensamos em construções de baixo impacto ambiental é o bambu, cujo uso pode substituir a madeira e o aço nas fundações da construção civil, mobiliário e objetos de decoração. Além de ser um recurso natural renovável, a planta tende a crescer de 21 centímetros até 1 metro por dia. Isso significa que em 6 meses ela já atingiu sua altura máxima, que é de 15 a 30 metros. Em 2 ou 3 anos a haste já está madura e cheia de líquen, própria para o uso na construção. O tratamento do material pode ser feito com maçarico, selando com o calor e lustrando a haste do bambu com o próprio óleo que a planta solta. A alternativa é fazer o preparo da matéria prima com uma touceira, utilizando elementos químicos, como o ácido bórico. China, Vietnã e Indonésia são exemplos de países que utilizam muito esse material para construções de baixo custo.
No Brasil, um casal realizou um projeto modelo de biosustentabilidade: as paredes da residência foram feitas com barro recolhido do terreno ao lado da casa, pedras reaproveitadas, madeira de pinus e eucalipto de reflorestamento. A casa ainda possui tijolos e aberturas que foram reaproveitados de restos de construções. Para uma boa iluminação interior, foram utilizadas garrafas de vidro nas paredes. Todos os móveis foram reaproveitados, restaurados ou construídos pelo casal com madeira de demolição ou com galhos de árvores, como é o caso da cama. No total, o casal gastou 60 mil reais na empreitada. Eles ainda fizeram uma web série contando todo o processo, que você pode assistir clicando aqui.
Para quem quer radicalizar, as earthships são casas 100% sustentáveis, baratas e fáceis de construir. O único porém: você vai precisar de um bom espaço e integração com a natureza. Para ser considerada uma earthship, a construção precisa estar equipada com uma ou duas estufas que cultivam alimentos durante todo o ano, mas você também pode optar por ter um galinheiro, para manter uma fonte constante de ovos. Coletando água de chuva, o telhado da propriedade canaliza a reserva para uma cisterna, que então bombeia para as torneiras, descarga e chuveiro. A “água cinza” (das pias e do chuveiro) é bombeada para a estufa para regar as plantas. Depois de ser limpa pelas plantas, a água é bombeada para a caixa do vaso sanitário. Após sair do vaso, ela se torna “água negra” e seu destino é o jardim exterior, para dar nutrientes às plantas não comestíveis.
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Feita de massa térmica, essa estrutura reaproveita pneus usados para garantir conforto, atuando como um dissipador, liberando ou absorvendo calor quando o interior aquece e esfria. Energia solar e/ou eólica abastecem a moradia. Ou seja: zero conta de água ou de luz. Exemplos de pessoas que construíram uma earthship sozinhos em apenas alguns meses podem ser encontrados aqui e aqui. Essas casas também costumam ser muito mais baratas, a depender do quanto se deseja gastar na decoração. Em geral, um modelo simples pode ser finalizado por 20 mil dólares.
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