A Abrainc-Fipe divulgou o indicador do último trimestre móvel (dezembro/2021, janeiro e fevereiro de 2022), que aponta alta de 37% nos lançamentos de imóveis, quando comparado ao mesmo período do ano anterior (dezembro/2020, janeiro e fevereiro de 2021).
No intervalo atual (dezembro/21 a fevereiro/22), lançamentos de imóveis somaram 47.793 unidades habitacionais de todos os tipos. Os dados se referem ao levantamento realizado com 18 empresas que fazem parte da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Com o resultado de fevereiro, o total de imóveis lançados nos últimos 12 meses, encerrados no segundo mês de 2022, atinge a marca de 158.263 empreendimentos, elevação de 24,8% sobre o período precedente.
Segundo o presidente da Abrainc, Luiz França, o segmento de empreendimentos de Médio e Alto Padrão (MAP) vem sustentando o ritmo de vendas do setor. “Muitos compradores estão enxergando uma oportunidade para a compra de imóveis. O ativo imobiliário vem se valorizando bastante e é uma forma de proteger o patrimônio da inflação”, destaca.
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O economista Vitor Miziara, partner do Criteria Investimentos, destaca que a alta da Selic já impacta nos juros de financiamento desde 2021, já que as taxas de financiamentos acompanham, mesmo que abaixo, a Selic, “Mesmo que os juros não ultrapassem a taxa básica, alguns bancos já praticam financiamento a 9%, 10%, o que representa mais de 50% de reajuste no período”, explica.
De acordo com Miziara, a taxa de financiamento é historicamente mais baixa do que a taxa de juros, já que o governo brasileiro faz o subsídio de parte do financiamento usando o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). “Ainda assim, para quem vai comprar um imóvel financiado, o valor das parcelas vão ser mais altas e o valor de correção ano a ano do saldo devedor acaba subindo”, afirma. É uma compra que precisa ser feita com muito cuidado, pois vai comprometer a renda”, alerta.
Outro fator defendido por Vitor é que o financiamento do imóvel deixou de ser vantajoso com a taxa de juros atual, seja pelo custo dos imóveis, seja pelo fato de que a renda fixa é mais lucrativa. “A pessoa paga mais caro ao aplicar do que se juntasse e deixasse esse dinheiro investido. No entanto, no formato do aluguel você sai sem ter o bem”, finaliza.
De acordo com o especialista, a conta deve ser feita com dois cenários, levando-se em conta que o interessado precisa de um lugar para morar. “Se pegarmos o exemplo de São Paulo, o valor do aluguel é, em média, meio por cento o valor do imóvel. Se for um apartamento avaliado em 1 milhão de reais, o valor do aluguel seria R$ 5.000,00 e gerando um custo anual de R$60 mil, para morar. Já se esse mesmo imóvel fosse financiado com uma taxa de juros de 9%, o interessado gastaria provavelmente R$ R$ 90 mil ao ano”, explica. “Então, se pensarmos nesse cenário, valeria a pena pagar o aluguel e investir os ‘3o mil’ a mais que seriam pagos em juros, com maior rendimento.”
E o mesmo exemplo vale para quem possui algum dinheiro para a compra do imóvel à vista, “É melhor colocar dinheiro em um fundo seguro com maior rentabilidade do que imobilizar o valor na compra de um bem que perde sua liquidez”, finaliza.
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As vendas no último trimestre móvel (dezembro/2021, janeiro e fevereiro de 2022) apontam para um leve recuo de 3,7% quando os dados são comparados ao período anterior (dezembro/2020, janeiro e fevereiro de 2021). Nos últimos 12 meses, encerrado em fevereiro de 2022, houve uma alta de 2,1% nas vendas, com 143.310 novos imóveis comercializados.
Entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022,os lançamentos de empreendimentos da categoria MAP seguiram em ampla expansão e cresceram 339,8% com a chegada de 23.713 imóveis no mercado. Em 12 meses, a alta chega a 278,1% com 70.154 novas unidades. No mesmo segmento, as vendas tiveram uma elevação de 86,1% com 9.106 unidades comercializadas no trimestre e um acumulado de vendas de 30.481 imóveis em 12 meses, registrando uma alta de 34,4%.
Os empreendimentos do programa Casa Verde e Amarela ainda representam a maior parcela das unidades lançadas (55,6%) e comercializadas (78,4%) nos últimos 12 meses. No trimestre móvel, os lançamentos registraram 24.080 novas unidades (-17,9%) sobre igual período do ano passado. Em 12 meses, foram 87.793 novos empreendimentos (-18,7%). Em termos de vendas, o segmento teve 23.283 imóveis comercializados no trimestre móvel (-19,2%) e 110.321 unidades vendidas nos últimos 12 meses, encerrados em fevereiro (-4,3%).