Você sabia que cada brasileiro gera cerca de 380 quilos de lixo ao ano? Segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o volume daria para cobrir um campo e meio de futebol. Metade do lixo é de origem orgânica, como restos de comida, que podem virar adubo e fertilizante. Mas isso não acontece. “Os brasileiros estão cada vez mais conscientes sobre o assunto, mas os passos são lentos, falta conscientização coletiva. Pela quantidade de resíduos orgânicos que produzimos, o tema sobre compostagem deveria estar no dia a dia da população”, afirma Cláudio Spínola, sócio-fundador da Morada da Floresta, uma empresa que oferece soluções socioambientais, como cursos, produtos, serviços e desenvolve projetos para incentivar práticas sustentáveis cotidianas.
Para quem tem dúvidas, a composteira doméstica, ou minhocário, transforma o resíduo orgânico em adubo, que pode ser utilizado posteriormente em uma horta caseira e até mesmo ser vendido. E tem mais: o sistema de compostagem não gera mau cheiro se utilizado da maneira correta. “É possível vender diretamente para o comprador. O quilo do húmus de minhoca pode ser vendido à R$ 5 e o litro de composto líquido pode ser vendido à R$ 20 ou mais”, explica Cláudio.
Neste caso, ele esclarece que o material orgânico deve ser separado de todos os outros materiais não-orgânicos recicláveis (metais, plásticos, vidro, papel, etc), dos não recicláveis (papel higiênico, fraldas, absorventes, chicletes, papel filme, etc) e dos perigosos, eletrônicos e contaminantes (baterias, pilhas, celulares, remédios, infectantes, etc). Após a separação, deve ser depositado na composteira, misturado com material vegetal (serragem, folhas secas, grama, etc) e coberto, para decomposição adequada.
A Morada da Floresta oferece diferentes modelos e tamanhos de composteira com minhocas que variam de R$ 97,45 à R$ 370. “Elas servem para transformar o material orgânico em composto para produção de alimentos saudáveis e jardinagem doméstica. Elas também evitam a emissão de gases de efeito estufa, que ocasionam o aquecimento global”, comenta ele. A composteira com minhocas não deve receber sol nem chuva. Um equipamento pequeno, de 4 litros, não necessita mais do que o canto de uma varanda para a instalação.
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Entrentato, é possível produzir a própria composteira, sem a necessidade de gastar com os kits. Uma das táticas de compostagem caseira é a utilização de baldes de 18 litros. Após iniciar a compostagem com baldes é possível migrar para um modelo mais prático e adequado. Por serem mais altos do que largos, os baldes tendem a compactar o material e diminuem o ritmo reprodutivo das minhocas. Outras formas econômicas de fazer é em caixotes de feira. A composteira deve ser colocada em um local arejado e sombreado, para que o bem-estar das minhocas não seja comprometido. Ao descartar resíduos orgânicos, deve-se cobrir tudo com matéria vegetal seca, como folhas, serragem, palha ou grama.
As composteiras domésticas funcionam com três caixas de plástico empilhadas. As duas de cima, que contêm húmus e minhocas, digerem os resíduos orgânicos. A última recolhe o chorume, um fertilizante potente, que escorre das caixas de cima. Esses compartimentos são furados, para facilitar o fluxo das minhocas e do chorume. A caixa coletora, que fica embaixo, possui uma torneira para a retirada do líquido. Os compartimentos de cima servem para o descarte do lixo orgânico, que se transforma em adubo e chorume em aproximadamente um mês após o preenchimento da primeira caixa. “O chorume deve ser diluído em água e o ideal é sempre utilizá-lo fresco. Ele é um adubo poderoso e, por ser líquido, possui alta absorção pelas plantas”, orienta Spínola.
Frutas, legumes, verduras, cereais, grãos, sementes, pães, bolos, cascas de ovos, borra e filtro de café, saquinhos de chá, erva de chimarrão, cogumelos (shitake, shimeji e champion).
Frutas cítricas, alimentos cozidos, guardanapos, papel toalha, óleos, gorduras, flores, ervas medicinais ou aromáticas, temperos fortes (pimenta, alho e cebola), laticínios, líquidos (iogurtes, leite, caldos de sopa e feijão) e limão.
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Carnes de qualquer espécie e fezes de animais carnívoros.