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Construção civil perde fôlego e deve crescer apenas 2% em 2022

O setor pensa nas perspectivas de fraqueza da economia brasileira como um todo/ Crédito: Getty Images
Circe Bonatelli, O Estado de S.Paulo
14-01-2022 - Tempo de leitura: 2 minutos

Um dos motores da recuperação da economia brasileira no ano passado, a construção civil está perdendo fôlego. O Produto Interno Bruto (PIB) da Construção em 2022 deve crescer 2% em 2022, o que representa uma desaceleração perante 2021, quando subiu 8%.

A projeção foi divulgada na quinta-feira, 13, em parceria entre a Fundação Getulio Vargas (FGV) e o Sindicato da Indústria da Construção de São Paulo (Sinduscon-SP) e vai na mesma linha da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que também espera alta de 2% para o PIB setorial neste ano.

As duas entidades trabalham com previsão de abertura de 110 mil vagas de emprego no ramo em 2022, contra 246 mil em 2021 e 98 mil em 2020.

Após recordes de vendas e lançamentos de imóveis residenciais nos últimos dois anos, o setor está passando por uma virada de mesa. Os juros e a inflação subiram de modo expressivo e agora inibem novos negócios.

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Cerca de um ano atrás, era possível contratar um financiamento de R$ 200 mil para compra da casa própria com juros de 6,25% ao ano. Isso exigia das famílias renda mínima de R$ 5,2 mil e gerava uma parcela de R$ 1,5 mil. Hoje, o mesmo empréstimo tem taxa de 9% ao ano, o que demanda renda de R$ 6,6 mil (27% maior) e parcela de R$ 2 mil (33% maior), segundo cálculos do Sinduscon/FGV.

“A decisão de se comprar um imóvel está relacionada ao poder de compra e à percepção de riscos e incertezas”, apontou a coordenadora de estudos da construção da FGV Ana Maria Castelo. “E o aumento das taxas de juros certamente vai ter um impacto nas contratações.”

Segundo a pesquisadora, houve queda da oferta e da demanda de materiais no fim do ano. As famílias vinham procurando materiais para reformas e pequenas obras domésticas, mas a inflação generalizada passou a inibir o consumo.

Também pesam para o setor as perspectivas de fraqueza da economia brasileira como um todo, e a maior percepção de riscos. O vice-presidente de Economia do Sinduscon-SP, Eduardo Zaidan, disse que o “quadro não é bom”. “A inflação será menor neste ano que no ano passado, mas não quer dizer que estejamos livres de uma inflação desajustada”, ponderou.

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Ele citou ainda que as eleições presidenciais vão gerar um período de incertezas, principalmente com o cenário tão polarizado quanto o de hoje. “E ainda temos a preocupação fiscal, que é o pano de fundo dos problemas brasileiros”, emendou.

Posição semelhante é compartilhada pelo analista de construção do Inter Research, Gustavo Caetano. “Com os últimos números observados, acreditamos que a retomada da atividade da construção está diretamente associada a um cenário macroeconômico mais favorável, mas que ainda permanece volátil diante das incertezas fiscais vigentes e com a aproximação do debate eleitoral”, afirmou, em relatório.

Pelo lado bom

O que vai sustentar o PIB da construção este ano será a abertura de novos canteiros de obras residenciais no lugar dos estandes de vendas. Cidades como São Paulo, por exemplo, tiveram recorde de lançamentos em 2021 e 2020. Geralmente, as obras começam cerca de seis a nove meses depois.

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