Arquitetura Sustentável

O apelo persistente da micromoradia

Brian e Joni Buzarde gastaram US $ 50.000 para construir este trailer de cedro, apresentado no livro de Brent Heavener, “Casas minúsculas: viva pequeno, sonhe grande”. A casa viajou do Texas para a Califórnia antes de se estabelecer/ Crédito: Benjamin Rasmussen
Julie Lasky, do The New York Times
18-09-2019 - Tempo de leitura: 3 minutos

Brent Heavener tinha dez anos em 2008, quando o mercado imobiliário entrou em colapso e a paixão nacional por casas pequenas e baratas começou a ficar sobrecarregada. Quando chegou aos 16 anos, seu pai compartilhou uma foto de um contêiner reformado, o que lhe ensinou que as casas podiam ser construídas com objetos inesperados. Isso inspirou o @tinyhouse, um feed do Instagram no qual ele agrega fotografias de domicílios liliputianos de todo o mundo. Agora, aos 21 anos e com 708.000 seguidores, Heavener publicou 250 dessas fotos em um livro lançado em 10 de setembro, chamado Tiny House: Live Small, Dream Big (Microlar: viva pequeno, sonhe grande/Clarkson Potter, US $ 18).

Heavener mal alcançou a idade legal para beber, muito menos a idade em que a maioria das pessoas cria raízes. Falando de um local não revelado na América Central (se recusou a dizer onde, mas divulgou que é um lugar não muito pequeno onde faz algumas criações de gado enquanto trabalha como empreendedor digital, conforme se define), ele falou sobre pequenas casas como máquinas para viver espontaneamente.

Já faz mais de uma década – pelo menos desde a grande recessão – que pequenas casas se tornaram grandes estrelas da HGTV e internet. Qual você acha que é a atração?

Pode ser resumida em uma palavra: liberdade. Quer estejamos falando de um millennial ou de pais com a síndrome do ninho vazio, as pessoas estão olhando para a atual situação habitacional e se veem em uma encruzilhada. O millennial está tentando descobrir se deve fazer o que seus pais fizeram e entrar numa hipoteca para tentar pagar dívidas a vida inteira. Já os pais do ninho vazio estão tentando descobrir se vão se aposentar e qual a melhor maneira de envelhecer. Casas minúsculas são alternativas criativas e estratégicas que impedem que você caia em uma armadilha social e acabe como muitas pessoas ao seu redor.

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Seu livro mostra vários lugares que eu descreveria como retiros mais do que moradias – coisas como casas na árvore e cabanas nas montanhas. Além disso, você tem uma seção inteira de veículos com banheiro duvidoso. Como você define um “microlar”?

É tudo que organiza sua vida e simplifica o que você tem até o ponto em que não está mais servindo às suas coisas e suas coisas não estão mais controlando você. Seja um trailer, uma casa de contêineres ou uma lixeira reformada, a questão é o que você faz com isso. Você não pode encaixotar microlares, por mais irônico que isso pareça. E, a propósito, passei muito tempo vivendo e trabalhando em uma casa na árvore.

Algumas pessoas saíram correndo e gritando de seus microlares. Até Thoreau administrou a vida em Walden Pond por apenas dois anos, período durante o qual levou sua roupa para casa para a mãe lavar. Você acha que uma vida minúscula pode ser sustentável em longo prazo?

Eu gosto dessa pergunta. É uma grande fantasia, mas como qualquer coisa na vida – casamento, emprego, seu futuro – você precisa ter as expectativas certas. O importante é ser honesto consigo mesmo. Pergunte a si mesmo: de quanto espaço eu realmente preciso? Como posso construir minha casa de acordo com meu estilo de vida, em vez de construir meu estilo de vida em torno da minha casa? Pegue um pedaço de papel e anote o que você precisa para viver. Depois, pegue outro pedaço de papel e elimine as coisas que você pode viver sem e compare o que resta com o que pode ser gerenciado em uma casa pequena. Se você está com medo de mergulhar, eu recomendaria ir devagar. Vá para a metade do tamanho antes de reduzir o espaço para a versão definitiva.

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O seu livro é pequeno – menos de 20 centímetros. Mas é um objeto material e ocupa espaço. Estou certo em imaginar que é para sonhadores e não para donos de casas minúsculas?

Este livro é tanto para alguém que vive em uma casa pequena há 20 anos quanto para alguém que procura inspiração. Se isso ocupar muito espaço, então sua casa é pequena demais. / TRADUÇÃO DE ELENA MENDONÇA

Ver comentários

  • Em tempo de crise, quando se alia o custo benefício a qualidade de vida, acho bem louvável a iniciativa do casal que optou por viver de forma despojada e livre, em harmonia com a natureza, o meio ambiente, longe da agitação dos grandes centros urbanos, em busca da felicidade. Vida desconectada do consumismo e desapegada de bens materiais, que pouco contribuem para o bem estar. A vida é breve, e a perda de tempo e energia desnecessária em coisas supérfluas devem ser bem analisadas. Parabéns. Sensacional !!! Viver a vida intensamente, um dia de cada vez, e se possível, sempre de mudança, em lugares diferentes, em contato com outras culturas, na busca pelo conhecimento. Sempre.
    Lauro Raphael Dutra, Itajaí/SC, Brasil

    • Vida desconectada do consumismo e desapegada de bens materiais? Não acho que seja o caso, na verdade parecem Hipsters