Minha Casa Minha Vida & Programas Habitacionais

Segmento se transforma com inovações

A Urbem, por exemplo, está apostando no mercado das madeiras “engenheiradas”/Crédito: Getty Images
Redação, O Estado de S.Paulo
08-11-2021 - Tempo de leitura: 3 minutos

Existem muitas etapas entre começar a pensar na casa própria e colocar a chave na fechadura. Até por isso, como ocorre em todo o mundo, a cadeia do setor imobiliário é considerada como a que tem a maior classe de ativos do planeta. Mas, do outro lado da moeda, é uma das que menos apostou até agora em inovação tecnológica. Métodos tradicionais, de décadas, ainda fazem parte do horizonte de quem parte para a compra de um novo imóvel.

O que não significa que nos últimos três ou quatro anos ideias inovadoras não estejam sendo testadas. A Urbem, por exemplo, está apostando no mercado das madeiras “engenheiradas”, aquelas que são processadas industrialmente para otimizar o seu desempenho na construção civil e podem substituir os tradicionais aço e concreto na estrutura das obras. A CEO da companhia, Ana Bastos, apresentou números durante o Summit Imobiliário Estadão, que indicam o potencial do mercado para o novo produto.

“Se antes da pandemia nossa equipe havia avaliado projeto em um total de 50 mil m², depois, avaliamos 1 milhão de m²”, afirma a executiva. 

O grupo está construindo uma fábrica que deve começar a operar no segundo semestre de 2022. Até por ser um produto alicerçado no tema da sustentabilidade, o método, que nasceu na Áustria nos anos 1990, hoje está presente em vários países da Europa, na Ásia e na Austrália. O maior prédio do mundo com o material, com 25 pavimentos, está sendo construído em Milwaukee, nos Estados Unidos, país que já tem mais de 400 construções de madeira “engenheirada”.

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Melhor desempenho

Se inovação é resolver um problema de alguém, e no caso do Urbem, a tecnologia escolhida também melhora o fluxo nos canteiros de obra, existem outros grupos que estão focados em outros pontos da cadeia imobiliária, como, por exemplo, a sempre complexa e burocrática parte da compra e venda de um imóvel.

“O ciclo de uma compra é muito grande. No começo pensava que o principal, por exemplo, era ajudar a digitalizar os corretores de imóveis. Mas hoje, percebemos que temos que na verdade até resgatar a dignidade deste profissional. A maioria faz um trabalho excelente, mas tem muitos que pagam por poucos”, afirma Leonardo Azevedo, presidente da Apê11, startup de três anos recém comprada pelo Santander. “Nosso objetivo é criar um grande ecossistema imobiliário que tire a transação imobiliária do lugar de uma commodity”, diz o executivo. Um dos problemas do mundo real, por exemplo, que precisa ser ainda resolvido no setor, segundo Azevedo, é o mercado secundário de imóveis da linha Minha Casa Minha Vida.

Mudanças

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A inovação não parte apenas de startups criadas há poucos anos, interessadas em transformar, sempre atrelada à tecnologia, a realidade dos construtores e clientes. Dentro da Gafisa, como explica Fabio Romano, CEO da Gafisa Viva Bem, o braço de inovação da tradicional construtora de 67 anos, também existe uma cultura de fazer mudanças disruptivas de dentro para fora da companhia.

“O objetivo é consolidarmos um marketplace de produtos da moradia”, afirma o executivo. Isso envolve áreas que vão além da compra e venda. E inclui decoração, reformas, um clube de compras e o aluguel. “É uma nova visão, queremos ser uma plataforma tecnológica de referência”, afirma Romano. Tornar mais agradável a jornada do consumidor é a linha mestra do trabalho, segundo Guilherme Paiva, diretor da Vertical Imobiliária. “Temos de mudar a forma de as pessoas pensarem. A tecnologia é meio e não o fim”, afirma.

Conteúdo originalmente publicado em:
https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,inovacao-amadure-e-transforma-segmento,70003890979