Com o fim do programa de concessão de vistos anunciado por Portugal, no início do ano, na tentativa de frear a alta no preço dos imóveis, investidores internacionais já voltam as atenções para outros país. Com isso, o Golden Visa Espanha tem se colocado como alternativa para estrangeiros e os compradores brasileiros vislumbram no país uma oportunidade de valorizar seus ativos.
“Barcelona, por exemplo, ainda não é tão cara quanto Paris, Londres ou Lisboa para comprar um imóvel, mas o custo do aluguel vem aumentando. É uma grande oportunidade para quem quer investir em short stay (modalidade de aluguel de curta duração)”, afirma Monica Nahas, corretora de imóveis que atua há mais de 13 anos na cidade espanhola.
Criado a partir da Ley 14/2013, chamada Lei dos Empreendedores, o Golden Visa tem como um dos seus pilares a atração de investimentos estrangeiros para a Espanha. Assim como em outros países europeus, a lei surgiu como uma estratégia para enfrentar a crise econômica e financeira que assolava a região. Entre 2008 e 2012, quase 1,9 milhão de empresas faliram na Espanha.
A lei é prioritariamente voltada para estimular o empreendedorismo, mas também tornou mais fácil a solicitação de um visto de residência a quem compra um ou mais imóveis, totalizando a soma de € 500 mil (aproximadamente R$ 2,69 milhões).
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Em 2022, apenas 136 autorizações de residência foram emitidas com base em um investimento imobiliário na Espanha, de acordo com dados do Ministério das Relações Exteriores divulgados no jornal The Objective. O número representa uma queda de 72% em relação a 2021, quando a Espanha emitiu 497 vistos deste tipo. Já em 2019, foram 618 vistos.
Para Monica, entretanto, o panorama é positivo. “Estamos em um momento de correção de preços depois da pandemia. Muitos anúncios divulgados em plataformas de venda de imóveis estão defasados e podem ser negociados. Eu falo sempre para meus clientes não se apegarem ao preço de pedida inicial dos apartamentos”, orienta a especialista. “Quem compra, não se arrepende.”
Esse é o caso da advogada mercantil Evelyn Nour, que se mudou para Barcelona para estudar e escolheu a cidade para abrir seu próprio escritório. “Meu interesse combinou a ideia de investimento e minha atração pessoal pelo país”, diz. O imóvel escolhido foi um apartamento de três quartos e aproximadamente 100 metros quadrados no bairro de Poblenou, no nordeste da cidade.
Atualmente, ela mantém o imóvel alugado e mora em outra região da cidade. “Paguei em torno de € 550 mil e alugo por € 1.600 ao mês.” Para Evelyn, a maior dificuldade do processo foi encontrar um imóvel adequado às suas necessidades. “Muitas vezes o preço não está compatível com a qualidade, precisa de reforma, ou a localidade não é boa. É um mercado muito complexo pela volatilidade. Minha dica para quem planeja investir aqui é buscar orientação especializada.”
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Cerca de 165 mil brasileiros moram na Espanha, segundo dados do Itamaraty. É a terceira maior comunidade brasileira na Europa, atrás apenas de Portugal e Reino Unido. Para Monica, a semelhança do país com o Brasil é um dos atrativos da região. “É o lugar da Europa mais fácil para o brasileiro se adaptar. Tem praia, futevôlei, paixão por futebol”, enumera.
De acordo com a especialista, em geral, os compradores brasileiros são pessoas que querem que os filhos possam estudar e viver na Europa. “Também há muita gente tirando dinheiro de investimentos voláteis e no real para trazer para o euro. O retorno é de 12% a 15% ao ano, com a estabilidade da Europa.”
Para se enquadrar nos requisitos e conseguir o Golden Visa na Espanha, o investidor precisa atender a uma série de demandas: