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Valentina Bandeira fala sobre compra do primeiro imóvel e o poder de inspirar outras mulheres

Aos 31 anos, a atriz, roteirista e influenciadora Valentina Bandeira compartilhou com seus milhões de seguidores sua maior conquista pessoal até agora: a compra do seu primeiro apartamento/ Crédito: Aline Reis/Divulgação
Elisa Rosenthal
18-05-2025 - Tempo de leitura: 7 minutos

Mergulhar um pão francês no café preto antes das 7 da manhã, vibrar com Ana Maria Braga, ir às lágrimas com um vinil autografado pelo Zeca Pagodinho. Poderia ser a rotina comum de qualquer pessoa da geração X ou millennial, mas quem mescla a dança sensual, com reacts e os melhores dumps que seu feed pode ter é Valentina Bandeira, a Valen.

Seguindo na contramão dos estereótipos de sua geração, Valen compartilhou nas redes sociais que comprou uma casa. A aquisição, para ela, representa um símbolo de autonomia, liberdade criativa e construção de futuro.

Em suas palavras, a aquisição de primeiro imóvel a fez sentir “bien dans sa peau”, expressão do francês “estar bem na sua pele”;

Como abordo no meu primeiro livro “Proprietárias: a ascensão da liderança feminina no setor imobiliário”, em que exploro o impacto da posse do imóvel na ascensão da liderança feminina, vejo na jornada da Valen a confirmação viva do que tantas mulheres já intuem: a casa própria é mais do que um bem. É um símbolo de liberdade e autoria.

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Conversamos sobre essa conquista e ela me falou sobre o papel da internet em sua trajetória, a importância do espaço físico para a identidade feminina e o poder de inspirar outras mulheres a conquistarem o próprio lar. Confira como foi essa conversa:

Valentina, você compartilhou emocionada a conquista do seu primeiro apartamento, mencionando que esse era um sonho desde a infância. Como essa realização representa sua trajetória pessoal e profissional até aqui?

Vários investidores, falam que não vale a pena comprar um apartamento, mas eu acho que tem um valor emocional muito grande. E comprar um apartamento é uma representação física das suas conquistas e do seu trabalho. É a maior representação da minha trajetória pessoal e profissional, é tudo que eu fiz até hoje. Tudo que eu colhi e plantei até hoje gerou esse espaço físico que é a minha casa, o lugar onde eu tenho a possibilidade de construir minha família. A chance de uma nova vida, de uma vida bem representativa. E eu conquistei esse sonho aos 30 anos.

Em sua publicação, você agradeceu à internet por essa conquista. De que maneira sua presença digital e o apoio dos seus seguidores contribuíram para alcançar esse objetivo?

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A internet tem tudo a ver com essa conquista porque foi com a internet que consegui dinheiro para comprar esse apartamento. É a minha comunidade que fomenta a minha persona, minha conta e que fomenta essa personalidade que eu construí na internet. Por causa das pessoas que me assistem lá e que me consomem lá, marcas me convidam para trabalhar. É por causa dessas pessoas que me dão legitimidade, que me dão credibilidade, que eu consigo trabalhar e (ter) dinheiro para conquistar os meus sonhos, como esse apartamento.

A geração Z enfrenta desafios únicos para adquirir a casa própria. Como você acredita que sua experiência pode inspirar outras mulheres jovens a perseguirem esse sonho?

Eu fiquei muito feliz, especialmente em estimular as pessoas a conquistarem seus sonhos porque é a melhor coisa que a gente pode fazer. É meio piegas, mas a melhor coisa que a gente pode fazer é influenciar as pessoas para o bem. Vemos tantas influências estranhas e equivocadas, que estimulam as pessoas a fazer compras homéricas, coisas passageiras, coisas que não têm tanto valor emocional, como uma bolsa de meio milhão de reais. E aí você vê toda uma exaltação a pessoas que compram um jatinho. Eu acho que estimular o público a ter uma casa própria é um sonho mais real, e é um direito.

Virginia Woolf escreveu sobre a importância de ‘um teto todo seu’ para que mulheres possam criar e se expressar livremente. Como essa ideia ressoa com sua recente conquista?

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Cara, é engraçado isso, porque eu me identifico 100%. Eu sou uma pessoa absolutamente caseira e eu preciso da minha casa toda organizada para, aí sim, começar a viver. É bem o que ela falou mesmo, precisa de um espaço todo seu para sua criatividade poder se sentir confortável.

Quais foram os principais desafios financeiros e emocionais que você enfrentou durante o processo de compra do imóvel? Qual o principal desafio que você enfrentou e como fica a sua impressão sobre o mercado imobiliário?

O primeiro desafio foi achar o lugar, porque eu tinha muitos desejos, tinha muitas especificidades. Eu gosto muito de chão de taco, por exemplo. E o chão é uma coisa muito importante pra mim. Queria que fosse no bairro que eu amo, na rua em que ele está. Mas eu acho que o desafio é dinheiro mesmo, o desafio é você se organizar. Na verdade eu já poderia ter comprado apartamento há muito mais tempo, mas eu não tinha nenhuma organização financeira, então eu acho que a única coisa que me permitiu comprar um apartamento foi me organizar financeiramente.

Foi chamar gente pra trabalhar comigo, que mexe com dinheiro, que saca de dinheiro para ajudar a conquistar o meu sonho, mas eu só consegui conquistar esse sonho porque teve gente que me ajudou a me organizar financeiramente. Senão, isso jamais teria conseguido.

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Você mencionou que este apartamento será o início das suas realizações e onde pretende construir sua família. Como esse espaço reflete seus valores e planos futuros?

A casa já é para os filhos que eu quero ter. Ela já veio envelopada com a cara do meu futuro. Eu demorei muito tempo para escolher onde eu queria construir o meu futuro. E essa casa representa isso. Não é só o apartamento em que eu moro agora, como a Valen de 31 anos. Este é o apartamento que vai ser meu durante todo o tempo que eu quiser. E é o apartamento onde eu vou poder construir a minha vida.

A gente sente muito isso quando faz 30 anos, e eu acho que eu senti muito isso quando eu comprei o apartamento. Senti que é realmente um passo para o futuro. Abandono qualquer traço dessa juventude de 20 anos. Me olho muito mais mulher. Dá uma paz. É uma coisa que todo mundo deveria poder sentir.

De que forma você pretende usar sua plataforma para discutir temas como independência financeira e acesso à moradia para mulheres?

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Eu acho que sendo bem honesta. A internet trabalha com comunicação e com verdade. Mostrar esse processo (da compra da casa) também foi um jeito de estimular. Gerou muita curiosidade. Eu quero que as pessoas vejam o processo que é você construir a sua própria casa de um jeito humano. Construir uma casa com o tempo que as coisas têm. Não ser uma coisa magnânima, como a gente vê na internet, com mansões e fontes. Mostrar uma pessoa real construindo uma vida real — isso é inspirador.

Que conselhos práticos você daria para mulheres jovens que desejam se organizar financeiramente para adquirir seu próprio lar?

O desafio é você se organizar. Eu já poderia ter comprado um apartamento há muito mais tempo, mas não tinha nenhuma organização financeira. A única coisa que me permitiu comprar um apartamento foi me organizar. Chamei gente que mexe com dinheiro pra me ajudar. Senão, eu jamais teria conseguido. Educação financeira é essencial.

Considerando sua formação e interesses intelectuais, como você enxerga a relação entre espaço físico e desenvolvimento pessoal para as mulheres?

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Sou uma pessoa criada na psicanálise. Na psicanálise se discute muito o espaço físico da análise e como o lugar onde você está interfere no seu processo. Na pandemia, isso virou uma questão, quando passamos a fazer análise online. O espaço físico influencia como você se sente e como você se comporta. Ele é um atravessamento importante da sua experiência no mundo.

Como você espera que sua história impacte outras mulheres e contribua para uma mudança na percepção sobre a capacidade da geração Z de conquistar a casa própria?

A melhor coisa que a gente pode fazer é influenciar para o bem. Mostrar que é possível conquistar uma casa, uma vida confortável, com esforço e escolhas reais. Em vez de exaltar consumo excessivo, mostrar um sonho possível: ter um lar, ter segurança, ter paz. Isso é um direito, não um privilégio. Sempre que uma mulher mostra que conquistou algo com sua própria força, ela inspira outras mulheres a fazerem o mesmo.