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O mercado imobiliário mundial ainda tem apetite para investir no Brasil?

O mercado imobiliário mundial ainda tem apetite para investir no Brasil?/ Crédito: Nexa/AdobeStock
Gustavo Favaron
15-06-2025 - Tempo de leitura: 2 minutos

Nunca foi tão desafiador atrair investimentos internacionais para o Brasil. Em um mundo atravessado por incertezas, como a guerra na Ucrânia, as tensões entre China e Estados Unidos, e a instabilidade cambial, o capital estrangeiro não desaparece, mas redesenha suas rotas. E o Brasil, infelizmente, não tem estado nelas.

Como parte da América Latina, região historicamente dependente da confiança do investidor externo, o Brasil viu o investimento estrangeiro direto cair 14% no último ano, segundo dados da UNCTAD, de 2023. E o fluxo segue em baixa.

Hoje, o capital tem preferido mercados mais maduros, como EUA, Reino Unido ou Alemanha, que oferecem retorno igual ou superior, com menos risco e maior previsibilidade. Além do mercado imobiliário, áreas como energia renovável, tecnologia e infraestrutura urbana têm recebido aportes consistentes. Mas não aqui.

O problema não é falta de potencial. É falta de estabilidade. Enquanto o Brasil apresentar juros altos, inflação instável e um ambiente regulatório frágil, o capital seguirá distante. A prioridade será onde houver menos volatilidade.

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No entanto, a América Latina não está fora do radar. O México, por exemplo, tem sido destaque com o avanço do nearshoring, atraindo indústrias americanas em busca de relocalização estratégica. Já o Chile vem consolidando um ecossistema de energia limpa e regulações mais amigáveis ao investidor.

E o Brasil? Ainda patina em temas essenciais. Segundo a Abdib, investimos apenas 2,2% do PIB em infraestrutura, muito abaixo do ideal de 4,3%. Os maiores gargalos estão no transporte e saneamento. Isso afeta diretamente a logística, o adensamento urbano e a viabilidade de parques industriais, pilares para o avanço imobiliário.

Se queremos atrair capital, precisamos agir em três frentes: Estabilidade macroeconômica, mantendo juros e inflação sob controle; segurança jurídica e institucional, com clareza regulatória e respeito a contratos; e investimento em infraestrutura, buscando ampliar capacidade urbana e logística.

Com isso, o Brasil pode se reposicionar. Temos diferencial demográfico, vasto mercado interno e forte capacidade de consumo. Mas é preciso gerar confiança de longo prazo.

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O capital global não desapareceu. Ele apenas mudou de rota. Cabe ao Brasil mostrar que está pronto para recebê-lo novamente. E o mercado imobiliário pode ser alavanca para essa retomada, desde que haja compromisso real com transformação estrutural.