Arquitetura Sustentável

Oportunidades surgem em áreas contaminadas

Trabalho de revitalização favorece reurbanização de qualidade/ Crédito: Getty Images
Bianca Zanatta, O Estado de S. Paulo
22-06-2021 - Tempo de leitura: 2 minutos

O total de áreas contaminadas por compostos químicos no Estado de São Paulo é de 6.434, segundo o último cadastro da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), publicado em dezembro de 2020.

O número real, claro, acredita-se que seja muito maior e difícil de quantificar, já que o mapeamento é feito com base em denúncias anônimas e informações que o órgão recebe de pessoas físicas e entidades, como empresas e comércios. Entre as áreas cadastradas, 70% são atribuídas a postos de combustíveis, seguidas pelas áreas industriais, e 55% estão em regiões metropolitanas.

O esforço da Cetesb no sentido de gerenciar e apoiar a revitalização dessas áreas para que possam ser novamente usadas ou habitadas é uma oportunidade em que o mercado imobiliário deve apostar cada vez mais fichas, segundo o especialista em descontaminação de ambientes Gustavo Dorota, diretor de operações da Ramboll, uma das maiores consultorias ambientais do mundo.

Ele conta que 16% das áreas cadastradas já estão em diferentes etapas de gestão do passivo ambiental (termo técnico para se referir à remediação de áreas contaminadas). “Algumas estão na fase de coleta de amostras, outras passando pelo processo de tratamento e outras na etapa de finalização, com monitoramento da eficácia, para receber o termo de reabilitação da Cetesb para uso declarado”, explica.

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Revitalização

Os empreendedores que assumiram a remediação desses terrenos, diz Dorota, estão de olho em um novo uso industrial, comercial ou residencial – até porque muitos têm localização estratégica. Como exemplo, ele cita o bairro de Jurubatuba, na zona sul da capital paulista, cuja total descontaminação ele calcula que deve levar de 5 a 10 anos. “A região foi muito explorada industrialmente entre as décadas de 1930 e 1980 e o resultado foi uma contaminação abaixo do solo poroso, atingindo as rochas subterrâneas, que contêm fraturas onde também são construídos os poços artesanais que fazem o abastecimento de água”, explica. “Quando chega a esse ponto crítico, vira uma questão de saúde pública.”

Para Alejandra Devecchi, gerente de planejamento urbano da Ramboll, o fato de Jurubatuba ser uma área de operações urbanas do plano diretor do município, com maior potencial construtivo do que a média da cidade, está atraindo os investidores. “Existe um interesse em ocupar e povoar porque é uma área que concentra infraestrutura de transporte e empregos”, diz.

Devecchi conta que, só em Jurubatuba, a revitalização deve liberar 600 hectares para promover novos movimentos imobiliários, onde podem ser alocados em torno de 300 mil habitantes. Outras duas áreas contaminadas vazias que ela destaca são o entorno do Arco Tietê, com 460 hectares e capacidade para receber 200 mil habitantes, e a região do Cambuci, da Mooca e do Ipiranga, em que outros 600 hectares, hoje ociosos, têm potencial de abrigar mais 300 mil moradores. “Estamos falando de quase 1 milhão de pessoas. É um adensamento muito significativo para a cidade.”

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