Um dos maiores desafios das grandes cidades é a mobilidade sustentável. Automóveis particulares — que no século XX pareciam ser a solução dos problemas relacionados à necessidade de circulação — fizeram com que o trânsito fosse paralisado, o combustível e o tempo desperdiçados e ainda potencializaram problemas ambientais, problemas de ocupação de espaço público e também agravaram a poluição.
O Mapa da Motorização Individual do Brasil, de 2019, elaborado pelo Observatório das Metrópoles, informa que entre 2008 e 2018 houve acréscimo de 13,7 milhões de motocicletas e 28,6 milhões de automóveis na frota brasileira.
O deslocamento sustentável consiste na difusão de boas práticas ligadas a transportes coletivos integrados, de tal forma que propiciem melhorias na qualidade do ambiente urbano.
Os modelos de desenvolvimento sustentável englobam a adoção de sistemas sobre trilhos, como trens e metrôs, e ônibus limpos, integrados a elevadores de alta capacidade, esteiras rolantes e ciclovias.
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Além disso, abrange soluções inovadoras, como sistemas de bicicletas públicas e teleféricos — ambos já implantados em algumas cidades do País, como no Rio de Janeiro e São Paulo – além de calçadas niveladas, confortáveis, sem obstáculos ou buracos.
No Brasil, as cidades têm adotado medidas para que o trânsito funcione de maneira mais eficiente e sustentável. Abaixo, listamos aquelas que se destacam.
São Paulo (SP)
São Paulo é a única cidade da América Latina a compor o top 50 do
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Índice de Cidades Sustentáveis em Mobilidade 2017, que avalia o desempenho geral dos sistemas de mobilidade em 100 cidades ao redor do mundo e é promovido pela consultoria holandesa Arcadis.
Embora o município enfrente problemas como congestionamento e baixos investimentos direcionados à modernização da infraestrutura viária, São Paulo tem como diferencial seus quase 150 quilômetros (km) de corredores exclusivos para ônibus e sua ampla malha ferroviária.
Além disso, o metrô da cidade oferece bicicletários para seus passageiros há quase 5 anos. Ações como esta estimulam o uso do transporte coletivo, diminuindo o número de veículos nas vias públicas. A cidade conta ainda com a integração representada pelo bilhete único. Por meio dele, o usuário pode viajar em até dois meios de transporte distintos, metrô, ônibus, trens e vans legalizadas, durante o período de três horas.
Rio de Janeiro (RJ)
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O Rio de Janeiro é o segundo e último município brasileiro a integrar o ranking da Arcadis. O município ocupa a 63ª posição.
O deslocamento urbano da cidade foi extremamente beneficiado pelos investimentos em infraestrutura de transportes urbanos efetuados para as Olimpíadas. Dentre eles está o VLT Carioca, trem de superfície que conecta a região portuária da capital ao Aeroporto Santos Dumont e possibilita a integração com os demais modais.
Além disso, assim como em São Paulo, a capital fluminense conta com a iniciativa de integração representada pelo bilhete único.
Curitiba (PR)
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Segundo estudo publicado na revista Pnas, Curitiba é a metrópole com vida mais sustentável do Brasil.
Há mais de 50 anos, os ônibus da capital paraense transitam livremente, sem congestionamento. O sistema Bus Rapid Transit (BRT), que utiliza infraestrutura exclusiva, separada dos outros sistemas viários, tornou a cidade um modelo de locomoção eficiente. O município é pioneiro na adoção das chamadas “canaletas”, em funcionamento desde o início da década de 80. Atualmente, há mais de 101 projetos iguais a esse em andamento em várias cidades brasileiras.
Ademais, os curitibanos também possuem a opção de recarregar seus bilhetes de vale transporte por meio da bilhetagem eletrônica. O sistema possibilita que passageiros que usam o transporte público paguem suas passagens por meio de cartão pré-pago, de crédito ou débito, além de utilizar tecnologias de reconhecimento facial e biometria, não sendo necessário digitar nenhuma senha. A solução reduz filas de embarque e diminui roubos e furtos nas estações.