Em vez de vender seus apartamentos, construtoras estão preferindo alugar. É isso mesmo: agora, além de erguer edifícios, as empresas estão se transformando também em imobiliárias. Essa novidade surgiu para atender, principalmente, a geração Y (nascidos de 1980 a 1994) e Z (de 1995 a 2010), que priorizam a mobilidade, as experiências e a vida conectada à internet. “Essa nova geração de consumidores tem como foco principal a carreira e valoriza muito experiências como conhecer lugares e adquirir conhecimento. Eles querem morar próximo ao trabalho e buscam ter facilidades em seu dia a dia”, conta Rodrigo Resende, diretor de novos negócios e marketing da MRV.
A construtora com 40 anos de mercado criou a Luggo, startup que pretende atender aqueles que não têm interesse ou condições para comprar um imóvel no momento. O primeiro empreendimento nestes moldes foi lançado em Belo Horizonte (MG). Localizado no bairro Betânia, o Luggo Cipreste foi alugado em tempo recorde, o que, de acordo com Resende, confirma o potencial deste tipo de produto. O empreendimento, que conta com 116 unidades, alcançou ocupação de 100% em cinco meses. Outros três empreendimentos foram lançados este ano com foco na locação: dois em Curitiba e um em Campinas.
Para adquirir um desses imóveis, os interessados entregam a documentação por meio digital, sem a necessidade de fiador, e já pode mudar em 24 horas. O diretor de novos negócios da construtora acredita que a locação residencial não tira mercado da casa própria. As gerações Y e Z podem não ter condições financeiras ou não ter o objetivo de comprar um imóvel hoje, mas, futuramente, essa realidade pode mudar, principalmente em caso de constituírem nova família.
Outra construtora que segue na mesma direção é a Vitacon. A empresa lançou em janeiro o primeiro condomínio da Housi, sua plataforma de aluguel, na capital paulista. O edifício VN Bela Cintra conta com apartamentos de 25 a 121 m², studios e duplex mobiliados, segurados e até com serviço de camareira — em estilo semelhante aos flats executivos. Além disso, tudo totalmente digital e sem burocracia. No app, os apartamentos disponíveis partem de R$ 100 a noite ou R$ 3.000 mensais. “Hoje, a montadora de veículos não faz mais carros, faz transporte. Trocar de imóvel não vai ser muito diferente do que trocar de celular. Antes, as pessoas queriam comprar roupas que durassem e agora preferem o fast fashion, para usar três meses e depois se atualizar de novo”, diz o fundador e presidente da Vitacon, Alexandre Lafer Frankel. “Então, eu não posso mais vender imóvel. Tenho que estar pronto para vender solução de moradia”, completa.
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Além do VN Bela Cintra, a empresa lançou neste mês, entre os bairros do Itaim e da Vila Olímpia, o On Pod Itaim, uma opção para quem está de passagem pela cidade, virou a noite no escritório ou acabou de sair de uma balada e precisa tirar um cochilo antes de voltar para casa. As unidades têm 2 m² e o custo parte de R$ 40 por hora e R$ 150 pernoite, das 22h às 8h. As reservas poderão ser realizadas pelo site ou aplicativo da Housi.